MASP lança vídeo documental sobre projeto de restauro de obras de Frans Hals

Frans Hals, Maria Pietersdocheter Olycan, 1638 | FOTO: Pedro Campos e Elizabeth Kajiya

O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, com patrocínio da multinacional holandesa AkzoNobel, fabricante de tintas e revestimentos, dá continuidade ao projeto de análise e restauro de três obras do pintor holandês Frans Hals (1581-1666), com o lançamento do primeiro vídeo documental sobre o processo. Pertencentes ao acervo do MASP, os trabalhos são datados da década de 1630 e foram doados ao museu em conjunto em 1951.

A produção audiovisual compreende a primeira fase do projeto, que consiste em pesquisas bibliográficas e de imagens para estudar as obras em termos materiais, através de procedimentos como a radiografia, reflectografia no infravermelho e a macro varredura por fluorescência de raios-x. O vídeo é conduzido por depoimentos de especialistas sobre as técnicas de análise, e estará disponível no YouTube, site e redes sociais do MASP a partir da data de lançamento.

Segundo Sofia Hennen, conservadora adjunta do MASP, “as obras formam um conjunto com alto valor patrimonial, histórico e artístico. Hoje, elas apresentam alguns problemas causados por processos antigos de restauro. É possível observar repintes e vernizes antigos oxidados e escurecidos que comprometem o aspecto das obras”. Portanto, está sendo feito um tratamento principalmente estético para melhorar a apreciação das obras e deixá-las mais próximas à intenção original do artista.

O projeto, que acontece ao longo de 2022, é realizado em parceria com o Museu Frans Hals, da Holanda, e com duas instituições brasileiras: o Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP) e o Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). E está sendo acompanhado por um comitê científico internacional, composto por especialistas de diferentes instituições , para discutir os tratamentos propostos e aconselhar a equipe durante o processo.

A conservadora-restauradora holandesa Liesbeth Abraham, do Museu Frans Hals, também acompanha o projeto, contribuindo com seu conhecimento sobre a técnica pictórica do artista e sobre o diagnóstico da obra. Além disso, ajuda a determinar o tratamento de conservação e restauro mais adequado.

Século de Ouro dos Países Baixos

O holandês Frans Hals, reconhecido pela pintura de retratos e de gênero, é um dos expoentes do chamado Século de Ouro dos Países Baixos. Ele retratou principalmente a burguesia holandesa, em especial os cidadãos de Haarlem, cidade onde morava. Um dos cenários mais comuns para os retratos eram os casamentos, como é o caso de duas pinturas que pertencem ao acervo do MASP: “Maria Pietersdochter Olycan” e “O Capitão Andries van Hoorn”, casal de influentes burgueses de Haarlem. Hals também pintava com frequência membros da guarda civil, e o terceiro retrato do acervo do MASP, intitulado “Oficial sentado”, provavelmente pertence a esse grupo. Os trabalhos são datados da década de 1630 e adquiridos pelo museu em 1951.

O projeto patrocinado pela AkzoNobel tem como objetivo pesquisar a técnica e a história material dessas obras. Com base nisso, realiza um tratamento bem fundamentado histórica e cientificamente. O comportamento ao longo do tempo dos materiais é importante na conservação e restauro. Por isso, existe um grande interesse da parte dos conservadores no desenvolvimento tecnológico das tintas.

“Como especialistas em tintas e revestimentos desde 1792, sabemos a importância da fidelidade de cor na pintura artística, e também à nossa volta. Estamos sempre inovando em produtos e técnicas de aplicação para gerar resultados consistentemente precisos e duradouros, de forma mais sustentável. Por isso, estamos muito contentes em participar desse projeto no Brasil”, comenta Daniel Geiger Campos, presidente da AkzoNobel América Latina.

E essa não é a primeira incursão da empresa nesse tipo de iniciativa. A AkzoNobel é parceira, por exemplo, do estúdio de restauração do Museu Van Gogh desde 2013. Também colabora com o Rijksmuseum desde 2010. A empresa forneceu ao museu holandês aproximadamente 8 mil litros de tinta ao longo de sua reforma de dez anos e, atualmente, é a sua principal parceira na chamada Operação Night Watch, o maior e mais abrangente projeto de pesquisa e restauro da história da famosa obra The Night Watch (1642), de Rembrandt.

Fases do projeto

O projeto de conservação e restauro das três obras de Frans Hals é realizado em duas fases. A primeira incluiu um conjunto de análises científicas que apontou elementos relevantes sobre a técnica do pintor e permitiu um diagnóstico detalhado, fundamental para a elaboração de uma proposta de tratamento adequada. Procedimentos como a radiografia e a reflectografia no infravermelho, realizadas pelo Instituto de Física da USP, permitem revelar características importantes das pinturas, muitas vezes invisíveis a olho nu, como o desenho preparatório e as modificações durante a realização das obras.

Já a macro varredura por fluorescência de raios-x, realizada pelo Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), permite escanear toda a superfície da obra e identificá-la ponto a ponto. Essa técnica revela os componentes da pintura e ajuda a compreender a técnica pictórica, além de indicar retoques e repintes realizados ao longo do tempo.

O conjunto das análises irá apontar elementos interessantes sobre a técnica de Frans Hals e, também, possibilitará a realização de um diagnóstico detalhado, fundamental para a elaboração de uma proposta de tratamento adequada. A segunda fase consiste, por fim, em realizar os tratamentos de conservação e restauro das obras, levada a cabo pela equipe do MASP, junto à conservadora-restauradora do Museu Frans Hals, Liesbeth Abraham. Após a conclusão do projeto, as três obras serão expostas nos cavaletes de vidro com acesso a todos os públicos do museu.

Veja o vídeo abaixo:

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