Quantos anos tem o primeiro beijo?
Estudos recentes apontaram textos védicos em sânscrito, escritos na Índia por volta de 1500 a.C., como a primeira evidência documentada de beijo. Mas uma pesquisa publicada em maio passado na revista acadêmica Science afirma que beijar-se tem sido um marco no romance humano desde o terceiro milênio aC, atrasando a história dos beijos em mais de mil anos.
Em seu artigo “A antiga história do beijo”, os cientistas dinamarqueses Troels Pank Arbøll e Sophie Lund Rasmussen, que por acaso são casados na vida real, indicam que a primeira sessão de carícias registrada da humanidade pode ser atribuída à antiga Mesopotâmia (atual Iraque e Síria).
“As tábuas de argila com escrita cuneiforme – uma das primeiras escritas do mundo – contêm descrições de tais atos de beijo a partir de aproximadamente 2.500 aC em diante”, explica Arbøll.
“Uma das primeiras descrições ocorre como uma atividade pós-coito num mito onde os deuses têm relações sexuais e depois se beijam”, disse Arbøll. Ele acrescentou que o ato é referenciado em textos posteriores escritos por volta de 1900 aC, em descrições relacionadas ao amor e ao desejo sexual entre dois indivíduos.
Um século depois, dois textos de cerca de 1800 a.C. revelam que o beijo era uma prática comum na intimidade romântica, especificamente para casais casados, implicando tentativas da sociedade de diferenciar as normas entre pessoas casadas e solteiras.
No seu artigo, Arbøll e Rasmussen consideraram ainda duas esculturas pré-históricas de Ain Sakhri e Malta que poderiam sugerir que o beijo é mais antigo do que a escrita. Eles também apontaram outras espécies animais que praticaram o gesto de uma forma ou de outra. Os chimpanzés, os parentes vivos mais próximos dos humanos, praticam beijos platônicos como forma de consolar os membros angustiados da comunidade, e os bonobos foram vistos realizando intensos rituais de boca a boca que envolvem chupar a língua uns dos outros.
Num desenvolvimento menos divertido, os cientistas também investigaram o papel que o beijo pode ter desempenhado historicamente na propagação de doenças infecciosas. Fazendo referência a um estudo de julho de 2022 que liga as variantes atuais do herpes ao beijo na Idade do Bronze, Arbøll e Rasmussen afirmam que os sintomas do vírus podem ter sido documentados em textos médicos antigos, embora esta teoria ainda não tenha sido comprovada.
Embora a pesquisa de Arbøll e Rasmussen mapeie a história do beijo até a Mesopotâmia, ambos sustentam que suas origens podem ser mais universais, provavelmente encontradas em numerosas culturas e regiões geográficas ao redor do mundo.
