Uma pintura do músico e artista autodidata Bob Dylan, recentemente redescoberta depois de mais de 50 anos, vai a leilão, estimada em US$ 100 mil. Anteriormente inédito, o trabalho sem título emerge de seus anos em Woodstock e representa uma de suas primeiras tentativas no meio.
A tela de 1968 é um redemoinho abstrato de tons terrosos – verdes, marrons, laranjas – realçados por formas como chifres de touro, símbolos musicais e um par de olhos. Um boneco vermelho usando um chapéu de abas largas fica no topo da pintura. No verso, Dylan assinou a obra ao lado de um esboço de notas musicais.
Dylan criou a obra no momento em que estava instalado em sua propriedade em Woodstock, Nova York, após um acidente de motocicleta. Este período de reclusão culminou para o músico em um período intenso de turnês e uma série de álbuns de sucesso que incluiu Blonde on Blonde, de 1966. Em Woodstock, Dylan escrevia cerca de 100 canções (agora conhecidas coletivamente como Basement Tapes) e pintava.
A obra que vai a leilão foi criada por Dylan para Sandy LaPanto, moradora da região de Woodstock, em troca de alguns mapas e leituras astrológicas. De acordo com a escritora Anne Margaret Daniel, que contribuiu para o livro de 2023 Bob Dylan: Mixing up the Medicine, LaPanto era “uma mística, uma canalizadora, uma leitora de estrelas e criadora de mapas astrológicos para seus amigos”. Ela acrescentou: “A antiga comunidade artística de Woodstock trabalhava no sistema de troca… pessoas negociando seus conhecimentos e produção criativa, em vez de trocar dinheiro”.
A pintura permaneceu na família de LePanto por mais de cinco décadas antes de ser redescoberta como parte da propriedade do ex-marido de Sandy, Anthony LePanto. O leilão RR, com sede em Boston, venderá a pintura como parte de sua venda Marvels of Modern Music em 23 de maio.
“A arte visual de Bob Dylan, assim como sua música, provém de um poço profundo de expressão cultural e pessoal”, disse Bobby Livingston, vice-presidente executivo da casa de leilões, em comunicado. “Esta pintura dos anos de Woodstock é particularmente evocativa, capturando o espírito vibrante e transformador dos anos 60”.
Outras pinturas de Dylan desse período podem ser vistas nas capas do álbum da banda de 1968, Music From Big Pink, e em seu próprio disco de 1970, Self-Portrait. Duas de suas telas abstratas também podem ser vistas no fundo de fotografias tiradas por Jill Krementz quando George Harrison fez uma visita a Dylan em sua casa em Woodstock, em 1968.
Pouco mais, entretanto, se sabe sobre os primeiros trabalhos de Dylan. Então, quando eles aparecem em leilão, aparecem em grande estilo. Em 2022, um nu abstrato que ele pintou para seu empresário Albert Grossman na década de 1960 rendeu US$ 100.000 em uma venda no Julien’s Auctions. A título de comparação, o recorde de leilão para as obras modernas de Dylan foi estabelecido por um esboço de trilhos de trem de 1991, que foi arrematado por £ 41.600 (cerca de US$ 52.200) na Roseberys London no ano passado.
Outros destaques da venda da RR Auction incluem uma gravação ao vivo inédita de Jimi Hendrix em show com Little Richard, uma carta datilografada que Jim Morrison do Doors escreveu ao músico Tony Glover e o piano de cauda Yamaha usado no palco por Prince.
