O artista plástico figurativista Enio Squeff irá expor pinturas, gravuras e desenhos no Espaço8 Casa Cultural, no Ipiranga, rua dos Viajantes 65 – cerca de 500m do Museu do Ipiranga, o Museu Paulista – de 8 de junho a 27 de julho de 2024. É a primeira mostra de Enio Squeff depois da pandemia e apresenta a produção dos últimos anos com a curadoria de um artista de vanguarda, o carioca Marcelo Lago.
Enio Squeff já ilustrou mais de 300 livros e está completando 40 anos de carreira. A escolha de um espaço intimista e alternativo se une à curadoria de um artista ligado à vanguarda e com uma visão completamente diferente da de Enio. “Marcelo Lago é um dos nomes importantes da geração de escultores do Rio de Janeiro na década de 80. Já não vivemos num mundo de antagonismo artístico – nisso a arte contemporânea, a estas alturas, do século, diverge talvez do mundo político. Ainda bem”, diz Enio.
Para Lago, que se soma ao movimento de fortalecimento da cultura de vanguarda que surge no bairro do Ipiranga, um artista expõe o pensamento em sua obra. “Toda obra tem um pensamento, Enio Squeff não é exceção”, diz Marcelo Lago. “Não é outra a mensagem que fica de muitas de suas telas, quando as pinturas como que se derramam pelas molduras. Molduras para dependurar quadros em paredes, tudo bem; mas sempre a lembrança ou o recado: sua finitude não é seu espaço, mas aquilo que suscita a partir do que Cézanne dirá sobre sua própria obra: que ele pensava por meio da pintura.”
De fato, como conclui Marcelo Lago, é intenso o espiritual da pintura de Enio Squeff (não confundir com religiosidade, ainda que as narrativas religiosas existam como menções históricas em sua obra). E é frenética a sua pintura (não confundir com improvisação, ainda que isso seja algo buscado em suas telas).
E tudo se resumiria então a uma emoção gestual subjacente e latente. Que talvez se justifique no que o filósofo Gerd Bornheim, en passant, escreveria como explicação à parte da personalidade de seu amigo Squeff “Este homem transido de música…” que é de fato, um dos panos de fundo da personalidade do pintor.
“Mas não faltaria, certamente, a Enio Squeff uma indeterminada euforia de viver, pela exuberância da existência pinceladamente explorada”, afirma Lago.
“A sacralização do feminino viria daí”, explica o curador, lembrando que um outro amigo, o compositor Willy Corrêa de Oliveira, lembraria de Squeff, “com sua consciência histórica, seus sentimentos, suas ideias políticas. Então sobressairiam também, como inelutáveis, sua memória, seus posicionamentos decididamente engajados. As menções à política ao cotidiano, seus insights, ou como diria o barroco Padre Vieira, a seus estalos, que se referem a seu passado de jornalista e de ilustrador, estes são elementos imanentes a obra do artista”, conclui Lago.
Talvez, ainda segundo Marcelo Lago, aqui coubesse, por fim, ao que não é estranho a certos artistas contemporâneos: a sua inegável ação a partir das ideias e da narrativa do sensível.
É isto que se explicita no “Para Além do Pictórico“.
Em junho, o Espaço8 completará dois anos de existência, tendo executado exposições de mais de 96 artistas do cenário nacional e internacional. A idealizadora Fernanda Lago – artista, arte-educadora e produtora – conta que o local tem ainda atividades colaborativas como cursos livres, palestras e residências artísticas temporárias.
