Pantanal – João Farkas

O lançamento de “Pantanal”, de João Farkas, pela iniciativa Documenta Pantanal e Edições SESC SP, ganha uma agenda especial com uma série de encontros virtuais com nomes de diferentes campos de atuação das artes e da preservação ambiental, sobretudo em 12 de novembro, quando é comemorado o dia que rende homenagem a este importante e ameaçado ecossistema da Humanidade. Antes disso, na véspera (11 de novembro), o autor participará de um bate-papo on-line, às 16h, sobre o processo de produção e de captação de imagens para o livro na plataforma do Sesc Ideias (do Centro de Pesquisa e Formação da instituição) com a jornalista e curadora de arte Ana Carolina Ralston e o professor, pesquisador e curador de fotografia Rubens Fernandes Filho.

No dia seguinte (12/11), data em que se comemora o Dia do Pantanal, a agenda de atividades para o lançamento torna-se mais abrangente. “A programação é bastante extensa. Iniciamos a manhã exibindo, às 10h, o filme “Ruivaldo, o Homem que Salvou a Terra” no YouTube. Ao longo do dia também serão apresentados outros vídeos, incluindo um testemunho do próprio Ruivaldo Nery de Andrade, que, por meio de sua apaixonada luta em defesa do meio ambiente, inspirou o documentário dirigido por Jorge Bodanzky e Farkas. A  partir das 16h começam os bate-papos, também no YouTube, entre Farkas e convidados em uma dinâmica especialmente desenhada para abordar não apenas a importância desse livro neste momento em que o bioma sofre um de seus maiores incêndios, mas, também, para discutir  a colaboração da fotografia como ferramenta de registro”, afirma Mônica Guimarães, diretora executiva da iniciativa.

O primeiro encontro virtual ocorrerá às 16h, reunindo o autor, o diretor de Relações Institucionais do Instituto Homem Pantaneiro, Angelo Rabelo – que esteve em campo ao lado de brigadistas que atuaram na prevenção e no combate às chamas que atingiram o ecossistema –, e Neiva Guedes, bióloga especialista em conservação de espécies e presidente do Instituto Arara Azul. Às 17h, Farkas receberá o designer e ilustrador Kiko Farkas e Marina Willer (designer e sócia do estúdio Pentagram, de Londres, responsável pela concepção das exposições de fotos sobre o Pantanal em Londres e Bruxelas). Juntos, os três irão discutir como o design de um livro ou a expografia se apropriam e potencializam um trabalho fotográfico.

Dando sequência, às 18h o autor tem bate-papo agendado com os fotógrafos Bob Wolfeson e Betina Samaia e o curador Rodrigo Villela: em pauta, a visão de cada um deles no exercício da profissão. A agenda de encontros virtuais se encerrará às 19h com uma conversa com o empresário Roberto Klabin (do Refúgio Ecológico Caiman) e o presidente e co-fundador da Associação Onçafari, Mario Haberfeld, sobre os caminhos da sustentabilidade no Pantanal.

Sobre o livro

Com 80 imagens acompanhadas de pequenos textos (elaborados pelo fotógrafo e pelo professor Sandro Menezes Silva) e distribuídas em 160 páginas, o livro de Farkas desnuda a alma pantaneira a partir de um desafio ao tradicional estilo de documentação do fotógrafo. “Por ser muito fotogênico, esse ecossistema já foi objeto de muitos ensaios fotográficos. Não valeria a pena fazer um livro com os mesmos aspectos ou com a mesma visão. Trata-se de um olhar autoral com imagens que fogem do simplesmente documental e trazem uma visão pessoal, por vezes idílica, por vezes dramática”, diz o autor.

No livro, as fotos de Farkas revelam toda a complexidade retratada, perpassando uma simbiose extremamente particular entre o bioma e a vida humana, gerando um emaranhado de sensações. Ao mesmo tempo em que instiga mistério e distanciamento, a obra remete a um assunto amplamente discutido e em evidência: as profundas ameaças e transformações do Pantanal por conta do assoreamento de seus rios e da mudança climática. “Na edição de todo o material produzido, eu incluí imagens das consequências destas alterações ao lado de fotos espetaculares e pouco conhecidas de alguns aspectos da região, como a floresta de buritis, as lagoas do Rio Paraguai e a fantástica florada dos ipês”, cita o autor.

Quanto ao aspecto mais humano de “Pantanal”, Farkas recorre ao retrato – sua especialidade – para estampar a melancolia das pessoas que ali residem e resistem à destruição causada pela exploração não responsável das áreas produtivas. Esse olhar tristonho é recorrente nas imagens deste povo acometido por dificuldades e isolamento. Em poucas palavras, a proximidade do fotógrafo com a região pode ser definida como uma mescla de encantamento e estranhamento, como ele próprio relata em uma das passagens de seu novo livro: Caminhei instintivamente para imagens em tudo diversas das que já tinha visto, radicalmente distintas e surpreendentes. Quanto mais conheci o Pantanal, com mais profundidade mergulhei neste paradoxismo de beleza.”

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