Líquen Teso | Galatea

A coletiva Líquen Teso abre em 20 de fevereiro o calendário de exposições 2024 da Galatea em São Paulo. A busca pelo abstrato entrelaça na mostra os bordados de Camila Leite, as telas de couro de Fabiana Preti, a pintura onírica de Gabriela Melzer, as paisagens não-figurativas de Mariana Rodrigues e a tecelagem reversa de Marina Weffort.

Líquen Teso é a fusão dos títulos de dois trabalhos presentes na exposição. Estudo sobre líquens (2023), de Mariana Rodrigues, integra a pesquisa em torno do que a artista identifica como “pinturas abstratas naturais” — padrões, manchas e cores que se superpõem na natureza e são por ela observados e catalogados durante períodos de imersão na floresta. Teso (2023) é o título do trabalho da série Casear de Fabiana Preti, em que a artista abre casas de botão no couro, deixando fendas coloridas se distribuírem na superfície como notas numa partitura.

Mesmo nos encontros dos caminhos, há diferentes formas de expressão enquanto materiais e práticas. Dedicando-se ao tecido como suporte, Weffort traz um processo de tecelagem reversa, no qual as formas são obtidas no desfazer da trama. Ela joga com os limites das linguagens artísticas ao inscrever o material de caráter tridimensional na bidimensionalidade normalmente reservada ao desenho e à pintura.

Por outro lado, Camila Leite exerce na prática do bordado um encontro de temporalidades que se manifestam tanto na aplicação de retalhos do enxoval de suas avós quanto no tempo exigido pelo próprio ato de costurar. Assim como a atmosfera onírica de Melzer, o sentir o embaralhamento na estrutura temporal é comum nas obras que são evocadas como se fossem compostas por fragmentos e memórias de paisagens.

“Não nos interessa reiterar o dualismo estanque que separa o sensível do formal. Como já disseram por aí, também acreditamos que o sensível pensa. Assim, organizamos estas obras de modo a favorecer a conversa, num jogo de correspondências entre cor, textura, ordem e ritmo. De repente, o apuro e síntese de Weffort falam com a opulência e a expansão das formas de Melzer. O casear e o couro de Preti chamam a profusão das linhas e tecidos de Leite. As cores frias se tornam quentes e os Sentimentos lunares de Rodrigues preenchem a sala”, afirma Fernanda Morse, autora do texto crítico da mostra.

A coletiva convoca o público a sentir o contorno do sonho, o bordado do tempo, o transbordar da cor e as formas. Nessa iniciativa experimental, Líquen Teso reúne artistas que vêm consolidando suas trajetórias, mas ainda não são representadas por uma galeria (com exceção de Marina Weffort, representada pela galeria Cavalo no Rio de Janeiro).

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