Lígia Teixeira | Centro Cultural Correios RJ

Individual de Lígia Teixeira apresenta mulheres solitárias e enclausuradas, com curadoria de Osvaldo Carvalho, a partir do dia 8 de maio, no Centro Cultural Correios RJ.

Temática recorrente no trabalho da artista Lígia Teixeira, o universo feminino e seus questionamentos e representações sociais serão apresentados, no Rio de Janeiro, na exposição Confinadas, com curadoria de Osvaldo Carvalho. Este trabalho de Lígia foi um dos três selecionados – entre 300 inscritos -, no 6º Programa de Seleção da Piccola Galleria, que foi exposto na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte, no ano passado. Para a mostra no Centro Cultural Correios, foram desenvolvidas mais algumas novas séries abordando o etarismo, bem como questões de raça e gênero, ilustradas por noivas negras e trans, entre outras obras, totalizando cerca de 50 pinturas em pequenos formatos, além de uma única tela em grande escala. Há também uma série intitulada “Caladas”, onde mulheres mascaradas fazem alusão à dificuldade que ainda existe no poder de fala feminino na sociedade.

A exposição é uma viagem introspectiva.

Iniciadas na pandemia, Confinadas, em clara alusão ao momento daquela época, revelam personagens femininas solitárias, enclausuradas na maior parte das vezes em seus ambientes domésticos, e que no seu sentido mais amplo, servem como metáfora para se discutir o silenciamento e o apagamento das mulheres ao longo dos séculos. Elas figuram, por exemplo, em cenas inusitadas, como tomando um banho na pia da cozinha, fumando displicentemente ao lado de uma panela em chamas ou simplesmente de costas, olhando uma parede atrás do sofá. Segundo a artista, a atmosfera minimalista da mostra é proposital, bem como os elementos desconexos e ambíguos presentes em muitas pinturas, a fim de instigar e provocar um estranhamento no espectador.

Em um contexto social de isolamento, a artista encontrou na arte uma válvula de escape para continuar sobrevivendo. Para isso, usou os recursos que tinha disponíveis à mão, o que resultou em quadros de pequenos formatos: “Não havia nenhuma perspectiva para além das janelas. Vivíamos um mundo reduzido”.

O curador da mostra, Osvaldo Carvalho, destaca que Lígia apresenta seu conteúdo de maneira simples e objetiva, mas sem se deixar levar por fórmulas simplistas ou moralistas. “Ela enxerga nos fatos ordinários a mais preciosa contemplação”. Para ele, “Confinadas” é o “testemunho de um tempo de silenciamento e apagamento das mulheres, que não foi menos implacável durante ou depois da pandemia. Transparece certa angústia ao observarmos linhas de esboço perdidas, ou ignoradas, ou simplesmente absorvidas ao acaso”, aponta o curador. “As cores aplicadas nas superfícies pictóricas são o principal destaque; nelas encontramos seu mais caloroso embate, ora burlando sistemas conhecidos de composição, ora perfeitamente ajustada às demandas de matiz, de tonalidade, de policromia”.

 Entrada gratuita

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