Individual de Margaret de Castro apresenta, no Centro Cultural Correios RJ, nove obras de grandes formatos e mural composto por 40 quadros, sob curadoria de Mario Camargo.
As ausências, a incomunicabilidade e o isolamento impostos pela contemporaneidade são o mote desta primeira exposição individual da artista Margaret de Castro, sob curadoria de Mario Camargo. Os personagens que habitam as telas da artista se defrontam e se confrontam em cenas cotidianas, absortos em si mesmos, sem ligação uns com os outros. São anônimos, dividindo o mesmo ambiente, o mesmo cubo preenchido de cor. Nesses trabalhos, o vazio e a ausência de memória preenchem os olhos, mas não de forma surreal. É percebido que em algum momento estes lugares existem na geografia interna de cada um de nós. Eles se misturam com os observadores, de forma a nos fundir ao seu mundo. O trabalho fala das relações impessoais, da experiência do “não lugar” como um componente da nossa sociedade e da individualidade solitária de mediação cada vez mais virtual.
Segundo o curador Mario Camargo, Margaret captura a textura de cada personalidade contextualizando-as de modo e criar narrativas singulares e cheias de poesia:
“O trabalho de Margaret é como uma janela indiscreta de tudo que passa e transpassa por seu olhar. Os ruídos e movimentos dos ventos não perturbam o silêncio. Não é preciso permanecer muito tempo nessa floresta para nos sentirmos dentro dela, nesses devaneios de cores e gestos. Ela observa, penetra e repassa os sentimentos, solidões e outros ares que captura e revela nas telas com tintas e cores”.
Algumas telas foram dispostas de forma sequencial, como na obra do vagão de metrô, por exemplo. “Os personagens que aparecem cortados por estarem na borda, entram em contato com a vida, e têm um engajamento maior com o mundo”, explica Margaret. Dessa forma, a artista delineia a possibilidade de enfocar a pintura além do campo pictórico de maneira que as figuras anônimas encontradas nos limites das margens avancem para habitar também o lado de fora.
Em destaque, um imenso mural composto por 40 imagens de pessoas em seu momento particular cotidiano, elementos isolados autônomos, mas na obra como um todo, são dadas a elas a capacidade de conexão com as outras e de assumir uma rede de relações de modo a formar um tecido único. Esse coletivo de imagens faz com que os indivíduos, que estavam em seus ambientes domésticos individuais singulares, criem laços, se conectem e se vinculem com o grupo.
Entrada gratuita