ALINE MOTTA | MASP

O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, no 2o subsolo do museu, Sala de vídeo: Aline Motta, que exibe a trilogia de vídeos Pontes sobre abismos (2017), Se o mar tivesse varandas (2017) e (Outros) Fundamentos (2017-2019). Com curadoria de Leandro Muniz, assistente curatorial do MASP, os projetos dialogam com parte da história familiar da artista, como um estudo de caso sobre a formação social brasileira e, sobretudo, seus apagamentos, violências e resistências.

A artista Aline Motta (1974, Niterói, RJ) trabalha com fotografia, vídeo, instalação, performance e escrita, produzindo obras que reconfiguram memórias — em especial as afro-atlânticas —, em uma abordagem interseccional sobre questões de gênero, raça e classe. Motta constrói narrativas que evocam uma experiência não linear do tempo, na tentativa de questionar, por meio da pesquisa e da especulação, as relações entre violências estruturais, apagamentos históricos e a preservação da memória.

Em um entrelaçamento entre as esferas íntima e pública, os vídeos Pontes sobre abismos e Se o mar tivesse varandas reproduzem fotografias, materiais de arquivo pessoal e documentos oficiais sobre tecido e papel, submersos em água ou expostos ao vento em diversas cidades que a artista visitou em busca das histórias de seus antepassados. (Outros) Fundamentos atravessa cenas urbanas, religiosas e espaços domésticos com um espelho, sugerindo conexões culturais entre as cidades de Cachoeira, na Bahia, Lagos, na Nigéria, e a zona rural do Rio de Janeiro. Suas montagens fragmentadas em múltiplas temporalidades e as amplas relações entre vida e morte destacam o caráter singular e sensível de seu trabalho, para além da denúncia ou do simples registro.

“As imagens relacionadas à água nas obras aludem às cosmologias Congo-Angola, nas quais ‘Kalunga’ é uma linha fina que separa as dimensões dos vivos e dos mortos”, pontua o curador Leandro Muniz. “Elementos como fotografias e cosmogramas são repetidos em diferentes momentos dos vídeos, assim como por toda a prática da artista, em um trabalho incessante de reelaboração e ressignificação dessas histórias.”

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