Mistérios, 2017.
Christian Boltanski (1944-2021) foi um dos mais proeminentes artistas da arte contemporânea francesa. Seu trabalho gira em torno dos temas da memória e da história judaica moderna. Sua obsessão com o tempo e a morte é expressada em grandes instalações artísticas.
Nascido em uma família judia no final da Segunda Guerra Mundial, Christian Boltanski viveu uma infância assombrada pela memória do holocausto.
Christian Boltanski, Les modèles, 1979. 10 fotografias do artista entre 1946 e 1964.
Segundo Boltanski,a pintura tem um poder religioso e sagrado. Com a recorrência do tema da ausência e da presença em sua obra, sua abordagem totalmente criativa pode ser interpretada como uma interrogação sobre a natureza religiosa da arte.
Monument, 1987. © David Huguenin © Adagp, Paris, 2019.
A obra de Boltanski é inspirada por sua própria biografia, mas também frequentemente fictícia. Ele usa objetos que não lhe pertencem e fotografias retocadas para criar o que chama de “mitologia individual”: uma forma de religar sua história pessoal com a memória coletiva.
Départ, 2015 © Adagp, Paris, 2019.
Boltanski começou a pintar quando era adolescente, mas nunca teve uma formação artística formal, ou educação em geral - desde que deixou a escola aos 14 anos. Ele é um artista autodidata.
Christian Boltanski na Galeria Marian Goodman, em 2021.
Em 2005, Christian Boltanski começou a coletar gravações de batimentos cardíacos para seu projeto ao redor do mundo, em uma tentativa utópica de capturar o coração da humanidade.
A biblioteca dos corações, 2005.
Desde 2010, este projeto, intitulado Os arquivos do coração, é apresentado na ilha japonesa de Teshima como um esconderijo longe do passar do tempo. Cada gravação é inventariada e guarda o nome da pessoa cujo coração está dentro.
Personnes - Clothes, apresentado em 2010 por ocasião da Monumenta no Grand Palais, é um acúmulo de 50 toneladas de peças com um cheiro de mofo quase insuportável, por meio das quais o artista denuncia os crimes contra a humanidade.
Personnes - Clothes, 2010.
Os temas preferidos do artista eram a angústia do anonimato, a inevitabilidade da morte, os espaços fechados e provocadores de ansiedade. Ele mergulhava no universo dos outros, dos anônimos, dos marginalizados e dos esquecidos.
Animitas Blanc, 2017.
Seja individual ou coletiva, a memória é o tema mais importante na obra de Boltanski. Conhecido como o artista que lutava contra a morte, Christian Boltanski morreu em 14 julho de 2021, aos 76 anos.
Flying Books/Homenaje a Borges