Denise Homsi | Casa de Cultura de Rio Preto

A partir de 07 de agosto o público poderá visitar – com entrada gratuita – a exposição da artista visual Denise Homsi, que acontecerá na Casa da Cultura Dinorath do Valle, em Rio Preto. A mostra individual, tem curadoria do promissor Allan Yzumizawa e trará mais de 50 trabalhos da artista, que convida o espectador a refletir sobre a temporalidade no mundo contemporâneo a partir de imagens produzidas em aquarela e monotipias, inspiradas nas atividades das lavadeiras, por meio da perspectiva do ritual como prática destes fazeres.

“Tradicionalmente, as lavadeiras executam cantos na beira do rio enquanto lavam a roupa. É possível observar na sutileza das harmonias, na simplicidade das melodias e na riqueza dos ritmos, um lenitivo para sua vida árdua e dura. A canção, solitária ou coletiva, vai transformando o amargo em doçura. Entretanto, é imprescindível pontuar a cultura das lavadeiras como uma potencialidade artística e política, de modo que o rito constitui uma organização coletiva entre mulheres das quais se fortalecem, diante de uma condição de vida extremamente difícil. Essa espécie de ritual, possui uma tradição de ensinamento das técnicas de lavar, bem como as canções, em sua maioria são transmitidas de mães para filhas”, explica a artista rio-pretense que preparou uma série de retratos em monotipia, aquarela, grafite e nanquim sobre papel. “A exposição Eternidade aqui e agora coloca em pauta, a valorização e a importância em resgatar tais valores do ritual”, completa Homsi.

Para o crítico e curador de arte, Paulo Gallina, o trabalho plástico de Denise Homsi especula sobre a presença de ciclos e o esforço envolvido no cotidiano. “Isso acontece ao destacar atividades comuns como rituais diários, ao ressignificar o trabalho como produtor de valor humano, em oposição a certo entendimento desta atividade humana como elemento produtor de valor financeiro. É na repetição das atividades diárias que Denise medita sobre as várias ferramentas de sociabilidade humanas se ampliam fundando sujeitos”, explica.

Segundo Nancy Betts, professora e curadora, a produção de Denise Homsi que será apresentada nesta exposição, tem a ver com mutações no tempo. “A série das lavadeiras evoca pequenas narrativas – reencenações de um ritual. No ritual há uma repetição de gestos, ações e objetos que preservam uma tradição. O olhar de Denise sobre o tema provoca um encantamento e uma nostalgia. Uma admiração por um fazer que também é um ritual: vagaroso, intimo, solitário. Nostalgia porque suas personagens são quase seres fantasmas que habitam lugares indeterminados. A monotipia, a aquarela e a aguada são meios que propiciam a imprecisão, a mancha e o acaso. Há uma economia de traços que traduzem-se em silêncio”, ressalta.

Para o curador Allan Yzumizawa, a exposição Eternidade aqui e agora instiga “a repensar nossa relação com o tempo, o trabalho e as práticas culturais, buscando uma maior valorização da diversidade de expressões artísticas, reconhecendo a força e a importância das mulheres na construção de uma sociedade mais igualitária”.

A exposição Eternidade aqui e agora segue até o dia 21 de agosto na Casa de Cultura “Dinorath do Valle”, que fica na Rua Roberto Símonsen, número 120 , Chácara Municipal em Rio Preto.

Compartilhar: