Como Será o Amanhã | Ateliê 31

Ateliê 31 apresenta a exposição coletiva Como Será o Amanhã, em comemoração ao seu primeiro ano de atuação, no Centro do Rio de Janeiro, ao mesmo tempo em que mantém um olhar para o futuro, como lugar em constante transformação.

Sob a coordenação e curadoria de Shannon Botelho, 14 artistas foram convidados a participar da exposição. Eles estão entrelaçados com a história do Ateliê 31, pois ocuparam o espaço neste primeiro ano – seja em residência ou nos ateliês fixos, e colaboraram de forma mútua para o desenvolvimento artístico uns dos outros, e do espaço em si. São eles: Andrea Antonon, Beto Fame Camile Soares, Cecília Maraújos, Cibelle Arcanjo, Cibele Nogueira, Elisa Maciel, Karin Cagy, Lucia Meneghini, Maria Pitú, Noah Scherner, Paloma Carvalho, Renan Andrade e Séan Savage Ferrari.

Como Será o Amanhã revive o enredo marcante da GRES União da Ilha do Governador, de 1978. Idealizado por Maria Augusta Rodrigues, o desfile explorou o futuro como tema, destacando esperanças e sonhos em contraste com a ditadura no Brasil. A mostra convida o público a refletir sobre o presente como ponto de partida para moldar o futuro, resgatando memórias e inspirando novas perspectivas sobre o que está por vir. Pinturas, desenhos e gravuras discutem um aspecto daquilo que os artistas almejam para o futuro. “Cada trabalho que compõemex esta exposição discute um aspecto daquilo que almejam os artistas para o futuro. Cada obra é, sobretudo, um depósito de esperança na capacidade transformadora da arte”, justifica o curador.

A obra “=Ninguém Nunca Te Avisou Pra Não Brincar Com Fogo? (2024), do artista Renan Andrade, discute, a partir de um posicionamento afro-centrado, a pintura como uma instância de discurso social, onde a ideia de acolhimento e memória afetiva tornam o futuro mais palpável, pois não se limita apenas na dor, mas também em experiências positivas.

Nas gravuras Queimadas (Burned) e Urbanização (Urbanization), ambos de 2023, o artista inglês Séan Savage Ferrari, que residiu por um mês no ateliê, utiliza sementes de urucum e fibras naturais em contraste com detritos recolhidos nas caminhadas pelo centro do Rio de Janeiro. Nos trabalhos, a natureza triunfa sobre a destruição. Em “=Pormenores de um dia que passou (2023), a artista Cibele Nogueira apresenta gravuras com impressões de folhas recolhidas na Floresta da Tijuca, conectando a força poética da natureza com um ideal de produção artística mais sustentável.

“A despeito de todas as notícias más, que sublinham os esgotamentos ambientais, os colapsos climáticos e as urgências, insistimos na esperança do plantio e confiamos no poder das sementes e da germinação. Por isso, nossos projetos e obras aqui expostas, corporificam aquilo que acreditamos ser o mais essencial para o futuro: a liberdade. Para os corpos, para os gêneros, para os pensamentos, para as produções, para as relações, para o sistema de arte. Desejamos e propomos aqui um amanhã artístico, semelhante ao que escutamos no samba enredo: ‘leio a mensagem zodiacal e o realejo diz que eu serei feliz! Sempre feliz!’”, destaca Shannon Botelho, no texto curatorial.

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