Bruno Novaes | Salão de Exposições Paço Municipal de Santo André

Com início marcado para o dia  13 de maio, o Salão de Exposições do Paço Municipal de Santo André recebe a mostra Diário 366, com texto curatorial de Julia Lima. São exibidas as páginas do diário de Bruno Novaes, os diversos objetos recebidos que compõem este projeto e o livro lançado em 2021 disponível para manipulação. Dessa forma, a mostra propõe o encontro entre o coletivo e o processo individual de artista, no qual a documentação de sua história se mistura com a de pessoas voluntárias participantes.

Este projeto que já circulou pelo Centro Cultural dos Correios de São Paulo (2021) e pelo Museu de Arte contemporânea de Campinas (2022), agora entra em itinerância com produção da Brecha Cultural,  contemplado pelo ProAc Editais de 2022 com apoio da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo. Com o intuito de tornar a exposição ainda mais acessível, ao entrar, o público terá acesso por QR Code ao audioguia.

Para complementar a experiência, a mostra conta com a proposta participativa “quantas histórias cabem num ano?” um convite ao público para escrever ou desenhar sobre um dia que queira deixar registrado na exposição. Às quintas e sextas-feiras, das 13h às 17h o educativo da mostra fará mediação cultural para grupos agendados/público espontâneo e a exposição estará acessível  de segunda a sexta-feira das 10h às 12h e das 13h às 17h até o dia 08 de Julho de 2023.

SOBRE O PROJETO

O projeto teve início com registros diários feitos por Bruno no ano bissexto de 2016, usando diferentes linguagens, como texto, desenho, colagem e fotografia. Em seguida, os participantes escolheram datas e receberam as páginas correspondentes do caderno, digitalizadas em forma de cartão postal.

As pessoas que participaram responderam com o envio de itens que dialogavam com os motivos da escolha por aquele dia, criando uma relação de troca de confidências com o artista. Todo esse processo foi documentado em um grande calendário em que Novaes fez o controle das devolutivas por meio de aquarelas dos itens recebidos.

Entre as motivações para as participações, as escolhas das datas misturaram aspectos individuais e íntimos com acontecimentos culturais e coletivos, resultando em um arquivo que coloca objetos ordinários, trabalhos de arte, documentos pessoais e lembranças afetivas em um mesmo plano. Assim, criou-se um diário que, além de servir como instrumento para o conhecimento de si, se tornou uma narrativa coletiva das memórias, afetos e histórias de vida de mais de trezentas pessoas.

Longas cartas contando sobre experiências pessoais, fotografias, documentos e outros objetos estão entre os itens recebidos, que muitas vezes chegaram sem explicações. Entre eles uma certidão de óbito, que levanta perguntas sobre como aconteceu tal perda. Em outro caso, foram enviados pares de ingresso de cinema e uma camiseta com cheiro de guardado, sugerindo um fim de relacionamento. Também chegaram ao artista documentos e coisas de família que aproximam histórias e personagens desconhecidos.

De modo geral, os itens que chegaram acabam por exigir o uso da imaginação para que se tente deduzir ou mesmo ampliar seus significados, o que confere ao livro em exibição nesta exposição um caráter simultâneo de documentação e narrativa de ficção. Com uma produção que passa por questões como identidade, memória e afeto, para Novaes, é importante jogar luz sobre histórias que muitas vezes passam despercebidas, levantando dúvidas sobre o poder dos arquivos tradicionais, que perpetuam a produção de conhecimento. Seu trabalho nos convida a refletir sobre quais outras narrativas deixam de ser documentadas, questionando o que mais pode ter ficado de fora dos livros e de outros meios de comunicação.

O Salão de Exposições integra o conjunto do Centro Cívico ou Paço Municipal de Santo André, que é composto pelos edifícios da Prefeitura, Câmara Municipal, Fórum e Biblioteca. Fica localizado no prédio da Biblioteca Municipal Nair Lacerda, que funciona em seu todo como Centro Cultural, abrigando também o Teatro Municipal, Auditório e Café. Também sedia a Secretaria Municipal de Cultura de Santo André. Durante todo o ano são realizadas exposições de artes visuais, como o Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto, que acontece anualmente entre os meses de abril e julho e a Bienal de Gravura. O projeto arquitetônico é de Rino Levi e o paisagismo do entorno, assim como painel instalado na entrada do Salão, são de autoria de Roberto Burle Marx. O espaço foi inaugurado em 1968 com a realização do Iº Salão de Arte Contemporânea de Santo André. A entrada é gratuita e a mostra possui acessibilidade para pessoas com deficiência visual e acesso para cadeirantes com classificação etária livre.

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