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DASARTES 106 /

Ivan Navarro

EM EXPOSIÇÃO NO FAROL SANTANDER SÃO PAULO, O ARTISTA CHILENO IVAN NAVARRO CRIA A ILUSÃO DE UMA EXPANSÃO SIGNIFICATIVA DE SUAS DIMENSÕES ESPACIAIS E CONCRETAS. IVAN CRIOU UM MÉTODO DE ENVOLVIMENTO DO ESPECTADOR A PARTIR DE ELEMENTOS DE SEDUÇÃO DO OLHAR, COMO ESPELHOS, LUZES E VIDROS. A ELETRICIDADE TAMBÉM É MATÉRIA ESSENCIAL EM SEU TRABALHO. […]

EM EXPOSIÇÃO NO FAROL SANTANDER SÃO PAULO, O ARTISTA CHILENO IVAN NAVARRO CRIA A ILUSÃO DE UMA EXPANSÃO SIGNIFICATIVA DE SUAS DIMENSÕES ESPACIAIS E CONCRETAS. IVAN CRIOU UM MÉTODO DE ENVOLVIMENTO DO ESPECTADOR A PARTIR DE ELEMENTOS DE SEDUÇÃO DO OLHAR, COMO ESPELHOS, LUZES E VIDROS. A ELETRICIDADE TAMBÉM É MATÉRIA ESSENCIAL EM SEU TRABALHO. CONVIDAMOS O ARTISTA PARA DESCREVER O PROCESSO CRIATIVO DE CINCO DE SUAS OBRAS

 

FORTUNE I

“Usando uma coleção de fragmentos de néon descartados de trabalhos que produzi em néon por anos, bem como os fragmentos de néon de esculturas anteriores armazenadas no meu estúdio, Fortune I é o primeiro de uma nova série de esculturas livres montadas em pé na parede e produzidas em 2019-20.

Em Fortune I, todos os fragmentos, formas e cores do néon (originalmente um processo feito à mão de entortar o vidro) são diferentes, aleatórios e não relacionados; eles só estão conectados por meio de eletricidade e luz. A energia elétrica unifica literal e conceitualmente a peça como um todo.

A composição reconstrói a imagem de uma mão, a palma universal levantada, com os fragmentos evocando as linhas naturais da palma. Metaforicamente, a circunstância inerente ao ato de colagem ecoa a ideia de acaso e destino, contendo a memória das existências passadas de cada fragmento de néon antes de se combinar para formar essa imagem.

A mesma ideia de destino também conecta a obra à prática popular da quiromancia: a predição e a representação do futuro por meio da leitura da palma. A imagem da impressão palmar permanece ao longo da história, desde os tempos do Paleolítico até hoje, um símbolo primordial de nossa identidade humana.”

TRAFFIC

“Tendo crescido sob a ditadura de Pinochet, sou atormentado por questões de poder, controle e reclusão, tanto físicos quanto psicológicos. Usando a luz como matéria-prima, desenvolvo a lacuna visual entre a aparência e a verdade. Meu trabalho é influenciado pelo design modernista e minimalismo de Gerrit Rietveld a Dan Flavin ou Donald Judd.

Traffic continua explorando esses temas, desencadeando uma atitude diferente em relação à história e explorando as ambiguidades da memória. A instalação é composta por sete pares de semáforos suspensos no teto e passando do verde ao amarelo ao vermelho. Aqui pego um elemento do nosso cotidiano e o utilizo como referência abstrata de forma e conteúdo. Na instalação, essas referências são descontextualizadas de sua função urbana original e transformadas em uma nova forma de experiência de arte pública. Acendendo uma resposta específica e inconsciente de consciência, o público é condicionado por uma regra de comportamento social.”

TUNING

“Tuning, uma pirâmide de seis tambores altos, combina a bateria com espelhos e as palavras HIGH, TONE, TUNE, BASS, MUTE e DEAF para criar uma ideia de representação visual do som (ou ruído), enquanto ao mesmo tempo remove e nega a função original dos instrumentos. Essa é uma forma de “tocar uma canção” sem fazer qualquer som. A obra emprega o silêncio e a imobilidade para criar uma percepção fantástica do som e do movimento e para explorar a relação entre ver e ouvir.”

FLASHLIGHT: I AM NOT FROM HERE, I AM NOT FROM THERE

 

“Flashlight: I am not from here, I am not from there, consiste em um carrinho de mão feito de lâmpadas fluorescentes e uma projeção de videoclipe da escultura em performance. No vídeo, vemos um personagem solitário empurrando seu carrinho ao longo de trilhos desolados de trem e parando periodicamente para mudar a cor das luzes do carrinho. A ação tem como cenário a canção No soy de aquí, ni soy de allá (escrita originalmente por Facundo Cabral), que também conta a história de um andarilho engenhoso enquanto perambula pela cidade. A peça, ao mesmo tempo melancólica e otimista, evoca ideias de deslocamento e perda de identidade ao lado de demonstrações de sobrevivência e regeneração engenhosas.”

IVÁN NAVARRO: EXFINITO
• FAROL SANTANDER • SÃO PAULO •
18/12/2020 A 16/5/2021

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