O abrir do ventre em um mundo prisão
Relatos da maternidade na pandemia, de Joana Siqueira
Editora: Kotter Editorial, 176 páginas
A jovem pesquisadora carioca, Joana Siqueira lança seu primeiro livro “O abrir do ventre em um mundo prisão – relatos da maternidade na pandemia”, escrito durante o confinamento da COVID-19
A obra lançada pela editora Kotter é um diário de uma mãe de primeira viagem, que descortina as entranhas humanas no ano da peste.
Rico em emoções e sentimentos; poético e profundo, embalado por trechos de músicas que acolheram a solitude da autora, ressignificando as alegrias e angústias vividas nesse mundo tão novo: o nascimento da primeira filha junto ao lockdown e tudo que vem a reboque.
O lançamento acontece na véspera do Dia das Mães, no dia 11 de maio (sábado), das 10h30 até às 13h, no Bistrô do Museu da República (R. do Catete, 153, Catete), com a sessão de autógrafos e oficina artística para crianças de todas as idades. A entrada é gratuita!
“Escrever, para mim, tem sido a forma de botar pra fora tudo de lindo e de dolorido que meu corpo grita, mas a rotina sufoca, não deixa sair — talvez numa tentativa desesperada de manter algum controle ou, simplesmente, porque até sair do controle é mais difícil com uma criança pequena.” (Joana Siqueira)
“A ideia de publicar meus escritos veio quando Dora, minha filha, tinha cerca de 1 ano e 6 meses. Duas vontades, uma necessidade: ser presença e abraço e exercer meu autocuidado.” (Joana Siqueira)
“Quando um corpo acolhe uma nova vida e a barriga se transforma em lar para um coração pulsante, emerge um convite para revisitar e revolucionar o próprio ser. Uma mãe recém-nascida vive em um estado “entre mundos”. (Dida Schneider, que assina o Prefácio)
Apaixonada pelas relações, pelas pessoas, pelas trocas, por destrinchar sentimentos, amante de carnaval, circense de brincadeira, pernalta em suspensão, entusiasta das pinturas para ocupar as próprias paredes, curiosa no desenhar de móveis e tantas outras versões, como ela mesma se descreve, a jovem pesquisadora e mestre em engenharia, Joana Siqueira aborda em seu primeiro livro “O abrir do Ventre em um mundo prisão – relatos da maternidade na pandemia” (176 páginas, pela Kotter Editorial), recortes do período de gestação de sua primogênita Dora. Em grego, da palavra dôron, significa “presente” e este chegou em boa hora com saúde e alegria, mas em um período sombrio da história mundial e brasileira: o isolamento quando sua bebê tinha apenas 13 dias de vida — data em que o Rio de Janeiro fechou oficialmente devido ao vírus.
O “lugar de fala”, de Joana Siqueira, reafirma aquilo que muitas mulheres vivenciam, mas não têm coragem de falar: o lugar dos afetos, das dores, das angústias e das dúvidas que tanto passamos durante a maternidade.
O conservadorismo que coloca as novas mães em xeque. Os mistérios, descobertas e aprendizados desse momento tão esperado e, também, solitário das mães – neste caso, potencializado ainda mais pela quarentena.
Segundo Joana, escrever era um alento para alma, pois além de registrar e ressignificar sentimentos, trazia leveza e liberdade, no abrir do ventre.
As notícias não paravam de chegar em qualquer canal de mídia espontânea, redes sociais, o que provocava muito pânico e atenção sobre os cuidados necessários e medidas preventivas.
Cerca de 287 mil mulheres morreram durante a gravidez, o parto e no puerpério em 2020. (https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2023-05/mortes-maternas-registraram-maiores-altas-durante-pandemia-da-covid-19)
“Quando ela nasceu, meu mundo virou de ponta-cabeça e tive que reaprender— as rotinas, os prazeres do dia a dia, a me reencontrar comigo mesma nesse novo lugar.
Quando ela nasceu, o mundo inteiro também virou de ponta-cabeça e cada um de nós teve que reaprender — a cavar felicidade na solidão, a amar de longe, a acostumar com a saudade”, relata a autora.
Como nem tudo é beleza e satisfação na maternidade, o livro desvenda as dores e dissabores desse período tão especial longe de amigos, familiares e entes queridos, que não puderam estar mais próximos para acompanhar essa fase tão única e breve que é o bebê recém-nascido. O primeiro Dia das Mães de Joana, em 10 de maio de 2020 foi diferente, longe dos seus e sem poder receber abraços e mimos, mas extremamente marcante e emocionante.
A família resolveu fazer uma surpresa para jovem mãe gravando cada um de sua casa, um vídeo depoimento, com espaço até para uma boa história da bisa, Marta Siqueira, que ainda não tinha conhecido sua primeira bisneta, e se inspirou na neta e bisneta ao mesmo tempo. Salvou o dia! Viva! Foi uma explosão de alegria com a promessa de dias melhores e encontros presenciais num breve futuro.
A parteira e enfermeira obstétrica, que há anos vem preparando gestantes e casais grávidos para a experiência mais transformadora de suas vidas, Dida Schneider, assina o Prefácio e afirma que “uma mãe recém-nascida vive em um estado “entre mundos”. Segundo ela, a chegada de um bebê é sempre um redemoinho de sentimentos, mas, em um mundo dominado pelo isolamento, essas emoções ganham uma nova intensidade.
“Este livro não é apenas uma reflexão sobre maternidade; é uma descoberta de um novo mundo encarnado em um ser pequenino, uma personificação do tempo em forma humana que cresce, apontando um caminho para a redescoberta da vida. É sobre a descoberta do amor em sua essência mais pura, num momento em que o mundo exterior parece ter perdido sua capacidade de amar”, diz Schneider.
No dia, 19 de abril, domingo, das 10h30 às 13h, Dida Schneider participa da roda de conversa sobre o livro, na Casa Colo, junto com a autora, Joana Siqueira, a psicóloga Fernanda Senna e Lian Tai, atriz, cineasta e doutora em Comunicação Social, que assina a orelha do livro.
Na ocasião, Joana Siqueira fará a sessão de autógrafos e as crianças não ficarão de fora, pois poderão participar da oficina artística e colorir a ilustração do ventre materno, de Miranda Camacho, presente na capa do livro.
A Casa Colo, localizada no coração da Zona Sul carioca, é um espaço de cuidados materno-infantil compartilhado entre a psicóloga Fernanda Senna e as enfermeiras Daniele Cornélio, Fernanda Galvão e Heloísa Lessa. O espaço, que possui grupos de conversa de mães e pais pós parto, acolheu a autora no seu segundo puerpério, quando passou a participar dos encontros junto a sua segunda filha, aos 9 dias de vida – segundo ela, é uma grande diferença parir em um mundo aberto, tendo a rede de apoio para ajuda a diminuir a solidão desse momento lindo e complexo.
O primeiro encontro na Casa foi uma surpresa boa: Heloisa Lessa, enfermeira obstétrica e que também conduz o grupo, passou a acompanhar Joana nessa travessia da segunda filha. Coincidência ou não, ela também amparou a mãe da autora, 33 anos antes, do parto que trouxe Joana ao mundo.
Durante a pandemia, as redes de apoio tão imaginadas foram compulsoriamente apartadas e, com o isolamento, o único apoio possível era aquele à distância, mas que ainda assim foi essencial para manter a cabeça no lugar. Era uma das formas de sustentarmos algo para nos ajudar a manter alguma coisa que sempre estará ali, quando precisarmos.
Os enlaçamentos e vínculos ampliaram e se formaram dentro de determinados grupos e espaços. Cada qual do seu jeito, sejam laços familiares, de amizades, do trabalho, na escola, na faculdade, com instituições de saúde e nos mais diversos espaços sociais em que nos inserimos.
São muitas abordagens e questionamentos, no repertório do livro. As noites que fogem do controle, a solidão que só as mães entendem, os compromissos de quando o sol raiar, a exaustão gritante em cada pedaço do corpo, o choro à espreita. A relação do casal, que toma outra forma e, mais do que todo romantismo já vivido, agora sobrevive de acordos diários simplesmente para dar conta das funções do dia a dia. “Muitas vezes, a reinvenção da relação fica para depois — depois quando?”, pergunta a autora.
“Simplesmente não importa. Sou só eu e ela e o peito. Não importa se já passaram horas e horas e horas. Não importa se o peito arde. Não importa se eu amamento irritada, se o peso dela me cansa, se simplesmente não quero. Não importa”, desabafo de Joana sobre durante a amamentação.
Com muita leveza e sabedoria, Lian Tai, escritora, atriz, cineasta e doutora em Comunicação Social, nascida em Goiânia, residente no Rio de Janeiro há 14 anos, assina a orelha do livro para enfatizar a urgência sobre as narrativas femininas a respeito da fase materna e outras.
“Ao longo de séculos, fomos narradas pelos homens. Foram eles que disseram o que significava ser mulher. Ainda: o que significava ser mãe. Nessa imagem em que mulher e mãe se misturam, fomos tidas como naturalmente cuidadoras, zelosas, dispostas a sacrifícios sem que eles sequer fossem considerados como tais. Quantas vezes não nos sentimos presas a essa narrativa? Quantas vezes nos sentimos más ou erradas por não cabermos nela? Desromantizar a maternidade não é falar apenas da dor ou da dificuldade. É sobre nos humanizarmos e nos entendermos muitas e múltiplas, mas dentro de uma estrutura que nos atravessa.”
Como na música do Cazuza, “O tempo não para! Não para não, não para! ” A montanha-Russa da gestação, seja a primeira ou a quinta, não para, mas o tempo possibilita alguma autonomia para as mães. Com o passar dos anos, a criança cresce e junto traz o alívio e o orgulho materno de ter conseguido atravessar tantas etapas. Joana resolveu publicar este livro, para compartilhar com outras mães, além das dores, suas experiencias, seu orgulho ao presenciar diariamente: “a surpresa e alegria invadindo os olhos da pequena, por vencer as quatro paredes que nos esmagaram nesses dias de peste e, ainda assim, dar repertório para ela conhecer coisas incríveis que fui colecionando ao longo da vida e que nem sempre o mundo mostra”, afirma a autora.
Atualmente Joana possui duas filhas, trabalha como consultora na Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), continua com muitas demandas e compromissos, entre idas e vindas a escola das filhas, passeios, carnaval, aniversários, reuniões de trabalho, tudo entrelaçado de mistérios e desafios da missão de ser mulher, amiga, companheira, profissional e MÃE.
Sobre o futuro, Joana diz que agora seu objetivo é aprender a derrubar voluntariamente alguns dos pratinhos que equilibra. “Com a chegada da minha segunda filha fica ainda mais evidente que não dou conta de tudo e, embora angustiante, isso também me liberta, porque me permito falhar, me permito delegar, me permito sair um pouco de cena (mesmo que por breves segundos) e tem sido gostoso me permitir me olhar um pouco mais, nessa loucura de olhar o tempo inteiro para as meninas. E sinto que o livro – embora sobre elas – é uma tangibilização desse movimento, uma conquista minha”.
“E o fato de um livro sobre as minhas filhas representar pra mim um reencontro comigo mesma também me parece muito simbólico, um marco dessa coisa louca que é ser mãe: mesmo quando me reencontro comigo, agora esse reencontro as envolve, porque mesmo já paridas, elas farão, para sempre, parte de mim”
Sobre Joana Siqueira
Joana Siqueira: mulher, parceira, filha, irmã, amiga, neta e mãe de Dora e Lia. Encantada pelos números (estatística de formação), apreciadora de desafios (mestre em engenharia), curiosa pelo mundo (pesquisadora) e admiradora do cinema (atuante pro desenvolvimento do setor). Amante de carnaval, circense de brincadeira, pernalta em suspensão, entusiasta das pinturas para ocupar as próprias paredes, curiosa no desenhar de móveis e tantas outras. Apaixonada pelas relações, pelas pessoas, pelas trocas, por destrinchar sentimentos. Apaixonada pelo novo e por viver (comedidamente) sempre em novas versões. E assim surge agora, também, a versão escritora. Instagram: @joana_siqueira
Lançamento do livro “O abrir do Ventre em um mundo prisão – relatos da maternidade”
Autora: Joana Siqueira
Data: 11 de maio (sábado) – das 10h30 às 13h
Local: Museu da República – Bistrô próximo à gruta, localizada na Rua do Catete, 153 – Catete, Rio de Janeiro – RJ, 22220-000
Atividades do lançamento: mesa de autógrafos, distribuição de marcadores de livro e oficina de colorir com as crianças de todas as idades.
Roda de conversa com sessão de autógrafos e leitura de trechos
Mesa: Joana Siqueira, Dida Schneider, Fernanda Senna e Lian Tai
Data: 19 de maio (domingo) – das 10h30 às 13h
Após a roda de conversa: mesa de autógrafos, distribuição de marcadores de livro e oficina de colorir para crianças de todas as idades.
O abrir do ventre em um mundo prisão, de Joana Siqueira
Capa: Miranda Camacho
14×21
ISBN: 978-65-5361-294-5
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