No mundo sem chão: escritos sobre arte (ed. Cobogó) reúne textos do crítico de arte, curador e pesquisador Paulo Sergio Duarte, percorrendo toda a sua produção, dos anos 1970 à atualidade. Organizado pelo historiador da arte Sérgio Martins, o volume inclui um escrito de publicação inédita em português (“O significado da produção”, sobre a obra de Antonio Dias, escrito originalmente em italiano) e abrange textos sobre artistas formativos brasileiros — como Antonio Dias, Tunga, Iole de Freitas, Waltercio Caldas; outros artistas relevantes — Lygia Clark, Jorge Guinle, Carlos Vergara, Nelson Felix, entre outros; e estudos sobre arte de forma ampla.
O livro tem lançamento no dia 6 de dezembro, às 18h30, na Livraria da Travessa de Ipanema, com uma conversa com Paulo Sergio Duarte, Fred Coelho, Iole de Freitas, Luiz Camillo Osório, Luisa Duarte e Sérgio Martins.
A edição conta, ainda, com uma entrevista com Paulo Sergio Duarte conduzida por Fred Coelho, Iole de Freitas, Luisa Duarte, Luiz Camillo Osório e Sérgio Martins, feita especialmente para a publicação deste livro. Além disso, há um caderno de imagens, com obras referenciadas ao longo do livro e uma breve cronologia da trajetória de Paulo Sergio Duarte, mapeando sua diversa atuação intelectual, que passa pela administração pública, em órgãos como Secretaria Municipal de Educação e Cultura do Rio de Janeiro e Funarte, instituições de ensino, como a UFPB, a PUC-Rio e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, e a curadoria da 5ª Bienal do Mercosul.
Seja em sua atuação como crítico, seja como formulador de políticas públicas pioneiras, Paulo Sergio Duarte é um protagonista da formação do campo da arte contemporânea no Brasil. Pertencente à terceira geração de críticos de arte brasileiros, formada rente ao experimentalismo e às revisões historiográficas dos anos 1970, iniciou sua produção a partir dos trabalhos de Iole de Freitas e Antonio Dias, que conheceu em Milão, no exílio, em 1971. Nas palavras de Sérgio Martins, é nesse contexto que o foco de Paulo Sergio Duarte “se cerra sobre a arte e seu estatuto incerto na contemporaneidade”, sintetizado na “própria possibilidade de coesão poética da obra de arte que esse duplo dilema — a hegemonia cultural da economia de mercado e a crescente dispersão das linguagens artísticas — colocava em questão”.
Para o organizador do livro, a partir da década de 1990, ocorre uma importante inflexão intelectual na trajetória de Paulo Sergio Duarte, propiciada tanto pelos anos de dedicação ao ensino quanto pela sua leitura do historiador da arte italiano Giulio Carlo Argan. “Essa reavaliação abrirá caminho para ensaios de fôlego mais longo, aptos a sustentar reflexões de amplo alcance histórico sobre questões culturais que lhe parecerão urgentes”, como a tecnologia e seus impactos no campo da arte, avalia Martins.
Na Funarte, Paulo Sergio Duarte projeta e implanta, entre 1979 e 1983, o programa Espaço Arte Brasileira Contemporânea – Espaço ABC, do qual se torna curador. O programa compreendeu exposições de arte, concertos ao ar livre, mostras de filmes, cursos, conferências, pesquisas e publicações, dando prioridade a questões e produtos ainda não absorvidos pelo circuito comercial. A partir de 1981, dirige o Instituto Nacional de Artes Plásticas, onde desenvolve projetos visando a descentralização regional dos recursos e projetos na área de artes plásticas e a melhoria dos materiais artísticos produzidos no país. Essas e outras experiências na administração pública informam seus textos críticos e são abordados na entrevista que integra a edição.
Para retomar uma metáfora do próprio Paulo Sergio Duarte, cabe na leitura de sua obra um certo estrabismo: um olho nos textos, outro nos desafios históricos que os motivam.
Título: No mundo sem chão: escritos sobre arte
Autor: Paulo Sergio Duarte
Idioma: Português
Número de páginas: 472
Editora: Cobogó
Preço: R$ 84,00