No dia 13 de dezembro, quarta-feira, a partir das 19h, as Edições Sesc lançam o livro Mário Pedrosa: revolução sensível, no Sesc Avenida Paulista. A obra, feita em parceria com a Fundação Perseu Abramo, é organizada pelos historiadores Everaldo de Oliveira Andrade, Francisco Alembert e Marcelo Mari, que farão um bate-papo no dia do lançamento, seguido de sessão de autógrafos.
Mário Pedrosa foi um homem de muitas facetas: como militante político, ferrenho defensor da democracia e dos interesses da classe trabalhadora; como intelectual, considerado imprescindível na constituição e no aprofundamento da crítica de arte no Brasil; e também como vanguardista arrojado, além de amigo carismático e agregador, interessado no ser humano e confiante no poder transformador da arte e da consciência política como motores da revolução social.
Nascido no alvorecer do século, Pedrosa se filiou em 1925 ao Partido Comunista de São Paulo. Dois anos depois, partiu rumo à Rússia, que comemorava uma década da revolução bolchevique. Cursou Sociologia e Filosofia em Berlim e se aproximou do trotskismo e da oposição ao nazismo. Em 1929, ao retornar ao Brasil, foi expulso do Partido Comunista por sua oposição a Stalin e liderou a criação da Frente Única Antifascista, que combatia os Integralistas. Enfrentou tanto a ditadura do Estado Novo (1937-1945) quanto a civil-militar (1964-1985). Junto à militância política, aflora sua verve de crítico de arte e, posteriormente, gestor cultural. Já no fim de sua vida, Pedrosa participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT).
A trajetória ímpar de Mário Pedrosa é analisada por pesquisadores, artistas e familiares em 23 ensaios, sete depoimentos e textos introdutórios de Maria Amélia Bulhões e dos organizadores. O leitor também encontra uma parte dedicada às artes visuais, com uma seleção de imagens de duas exposições que o homenageiam.
Política e crítica de arte
Os textos se dividem em seis partes. A primeira, “Política em tempos sombrios”, recupera a militância, as contribuições para o pensamento político e econômico brasileiro, a resistência a duas ditaduras e as proximidades do pensamento de Pedrosa e Rosa Luxemburgo. Na segunda parte, “Questões de forma”, a crítica de arte de Pedrosa é posta em contexto e contraponto às perspectivas de sua época. Os estudos pioneiros sobre psicologia da forma, arte incomum e arte dos doentes mentais são analisados em profundidade. A terceira e quarta partes, “Arte e instituição” e “Arte e política como projeto”, tratam do envolvimento de Pedrosa com a Associação Internacional dos Críticos de Arte (Aica) e as inúmeras iniciativas do crítico nas décadas de 1950 e 1960, com destaque para a Experiência Whitechapel de Hélio Oiticica, em 1969, e a criação do Museu da Solidariedade, no Chile, onde Pedrosa esteve asilado. A atividade como gestor de museus, a contribuição ao debate sobre a arquitetura brasileira e a atuação de Pedrosa na fundação do PT também são abordadas.
Exposições realizadas e importância de sua obra
A quinta parte, “Exposições Mário Pedrosa: revolução sensível e O que não é floresta é prisão”, traz uma seleção de imagens das exposições realizadas em homenagem ao crítico na ocasião dos 120 anos de seu nascimento. A coletânea se encerra com “Pedrosa em retratos: depoimentos, escritos e documentos”, a partir de uma síntese biográfica de Michael Löwy, com depoimentos do neto Quito Pedrosa, Daisy Peccinini, Raul Pont, Antonio Manuel e Paulo Skormov, além do resgate de um texto de 1995 de Carlos Zílio sobre a necessidade de republicação da obra de Pedrosa.
Nas 468 páginas do livro, trafegam personagens da arte e da política brasileiras e mundiais do século XX, de Trotsky e Rosa Luxemburgo a Salvador Allende e Luiz Inácio Lula da Silva, de André Breton e Portinari a Oiticica e Lygia Clark.
Mário Pedrosa: Revolução Sensível
Organizadores: Everaldo de Oliveira Andrade, Francisco Alambert e Marcelo Mari
Edições Sesc São Paulo e Fundação Perseu Abramo, 2023
Número de páginas: 468
Preço de capa: R$ 85