Artefatos descobertos em Pompeia ofereceram informações sobre como os cidadãos da antiga cidade romana viviam, cozinhavam, concorriam a cargos públicos e fabricavam cimento. Mas e os seus residentes mais jovens? Bem, escavações recentes também revelaram vestígios das suas preocupações juvenis.
Arqueólogos do Parque Arqueológico de Pompéia descobriram uma série de desenhos a carvão na insula of Chaste Lovers. Em 79 d.C., quando o Monte Vesúvio entrou em erupção e dizimou a cidade, o local estava em construção, com paredes sem reboco e andaimes erguidos.
Os pesquisadores acreditam que as crianças provavelmente riscaram esses desenhos na parede enquanto brincavam no pátio. Localizados a cerca de 0,5 a 1,6 pés do chão, os esboços a carvão incluem representações de gladiadores, uma cena de caça e boxe, a cabeça de uma ave de rapina e um jogo de bola. Um contorno de mãos pequenas aponta para os autores dos desenhos, disse a equipe, que relatou suas últimas descobertas na edição de 28 de maio.
“Dada a simplicidade da execução, a ingenuidade do traço e as simplificações do iconográfico, os desenhos parecem ter sido executados pela mão de uma criança”, escreveram os arqueólogos, que situaram as idades das crianças entre os cinco e os sete anos.
Os rabiscos também sugerem que os jovens faziam parte dos espectadores nas arenas romanas e foram desenhados a partir do que foi testemunhado por lá. Os pesquisadores consultaram psicólogos da Universidade de Nápoles Federico II para afirmar essa hipótese, segundo Gabriel Zuchtriegel, diretor do Parque Arqueológico de Pompéia.
“Chegamos à conclusão de que muito provavelmente os desenhos dos gladiadores e dos caçadores foram feitos com base numa visão direta e não a partir de modelos pictóricos”, afirmou em comunicado. “Provavelmente uma ou mais crianças que brincavam neste pátio, entre cozinhas, latrinas e canteiros de cultivo de hortaliças, tenham presenciado batalhas no anfiteatro, entrando em contato com uma forma extrema de violência espetacularizada”.
A equipe especulou ainda que essas crianças provavelmente não pertenciam a famílias ricas, apesar das suntuosas residências nas ruas.
“Na verdade, existe um clima de precariedade, em que podemos imaginar crianças brincando sozinhas, enquanto os pais cuidam dos seus assuntos”, escreveram.
O novo relatório do parque também destacou a descoberta de afrescos na Casa dos Pintores em Ação. As imagens retratam divindades como Afrodite, Dionísio e Apolo, ao lado de figuras míticas, de centauros a grifos. Em uma parede separada, uma pintura menor mostra uma criança vestindo uma capa de viajante e acompanhada por um cachorro.
Esses afrescos se juntam a outros encontrados recentemente no local, incluindo imagens representando mitos gregos encontrados na Casa de Leda e do Cisne, e cenas da Guerra de Tróia descobertas nas ruínas de um refeitório.