Uma pintura armazenada há décadas nos depósitos do Musée de la Chartreuse, em Douai, no norte da França, foi recentemente reatribuída à renomada artista renascentista italiana Lavinia Fontana. A obra, intitulada Retrato de um Cavalheiro, sua Filha e uma Criada, mostra um homem vestido com um elegante traje preto e gola plissada, sentado ao lado de sua filha, que lhe oferece um punhado de flores, enquanto uma criada ao fundo segura uma cesta de frutas. Antes creditada ao pintor flamengo Pieter Pourbus (1523–1584), a peça foi identificada como um trabalho de Fontana pelo especialista em arte florentina e romana Philippe Costamagna.
Ao analisar a pintura no depósito do museu, Costamagna percebeu imediatamente características que remetiam à tradição bolonhesa da Renascença italiana, como o tratamento das roupas e a delicadeza na representação da menina. “É uma pintura italiana, bolonhesa de A a Z”, afirmou o especialista à Agence France-Presse. Além disso, ele destacou que a obra está em excelente estado de conservação, sem restaurações que pudessem ter alterado suas características originais, o que permitirá que sua restauração realce ainda mais seus detalhes e cores.
Lavinia Fontana (1552–1614) foi uma das pioneiras entre as mulheres artistas do Ocidente, treinada por seu pai, Prospero, em Bolonha. Considerada uma das primeiras pintoras a atuar profissionalmente, sua trajetória abriu caminho para outras mulheres na arte, como Artemisia Gentileschi (1593–1653). A redescoberta dessa obra reforça a importância de Fontana na história da pintura renascentista e destaca o papel da pesquisa e da conservação na revalorização de artistas esquecidos.