Veja o que teremos nas artes visuais no Festival Artes Vertentes, em Tiradentes

O Festival Artes Vertentes – Festival Internacional de Artes de Tiradentes, anuncia a programação de artes visuais da décima terceira edição, que será realizada entre os dias 19 e 29 de setembro na cidade histórica. A programação oficial reúne concertos, espetáculos de artes cênicas, exposições, exibições, bate-papos, residências artísticas, oficinas, além de uma série de atividades voltadas para a promoção das artes e do conhecimento. A programação de artes visuais inclui a realização de exposições individuais e coletivas, residência artística e ateliê aberto.

Elucidando a reflexão trazida a partir do tema Alteridade, o 13º Festival Artes Vertentes apresenta cinco exposições ao todo. A curadoria do Festival Artes Vertentes é assinada pelo pianista e curador Gustavo Carvalho. A ideia central foi apresentar o trabalho de artistas que contribuíram para provocar o conceito de alteridade, possibilitando o surgimento de visões diferentes e análises acerca da relação da arte e sua função social. “Nossa intenção foi promover uma programação que se destacasse pela diversidade de gêneros, olhares e culturas em torno da temática estabelecida para o ano”, destaca o curador.

Um dos destaques desta edição é a exposição Leonilson: Na cor dos lábios do meu amor, que poderá ser conferida ao longo de todo o período do festival (19 a 29/09), na galeria principal do Centro Cultural Yves Alves. Com curadoria de Ricardo Resende e Luiz Gustavo Carvalho, a mostra reúne desenhos, pintura, objetos e instalações do artista. Durante a sua trajetória, Leonilson explorou temas distintos, com os últimos dez anos de produção marcados por uma obra com forte cunho autobiográfico. Em suas obras, Leonilson percorre o limiar entre o dito e o silenciado, dialogando seu fazer artístico com suas vivências enquanto soropositivo. O artista cearense disse certa vez: “Começo a fazer um trabalho, tenho uma ideia do que eu quero fazer, mas o trabalho vai se desenvolvendo conforme eu vou trabalhando, é o exercício do fazer a coisa. E você vai construindo até que chega numa coisa e aquilo é um exercício: é isso o trabalho de arte.”

“Leonilson é um artista fundamental para a compreensão da arte brasileira no século XX. Ele teve uma vida muito curta e foi um dos primeiros artistas brasileiros (ao lado de Cazuza) a anunciar sua contaminação pelo vírus do HIV e desenvolvimento da AIDS, numa época em que ainda não existia o tratamento. Essa exposição traz obras bidimensionais, como esculturas, desenhos e pinturas, e ainda instalações feitas por Leonilson nos seus últimos anos de vida. Um fato interessante é que essa exposição conversa muito com a literatura, uma vez que a escrita era característica recorrente nas obras de Leonilson”, destaca Luiz Gustavo Carvalho, um dos curadores da exposição.

A exposição conta com intervenções escritas assinadas por escritor e poeta Ricardo Domeneck. O brasileiro vive e trabalha atualmente em Berlim, na Alemanha, e irá desenvolver uma Residência Artística dentro do Festival Artes Vertentes com base na presença poética e textual presente na obra de Leonilson. A partir desta provocação proposta pela curadoria, Domeneck assumiu o compromisso de apresentar um corpo inédito de poemas, desenvolvido a partir desta vivência ao longo do festival. Dessa forma, o Festival Artes Vertentes, fomenta a produção de poesia contemporânea, além de possibilitar a integração das artes de forma fluida e natural, contribuindo para a criação de novas estruturas

Complementando a experiência, a programação ainda reserva um espaço para a exibição do filme “A Paixão de JL”, um documentário com direção de Carlos Nader, que acompanha o artista José Leonilson quando ele começou a narrar em fitas cassetes, em 1990, um diário sobre a sua vida e os acontecimentos no Brasil e no mundo, como a queda do Muro de Berlim. À Princípio, sem intenções, os registros tomam outra urgência quando José descobre que é portador do HIV.

A programação conta ainda com a realização da exposição Você disse que sabia amar, do artista potiguar Alcino Fernandes. A mostra fica em cartaz ao longo de todo o período do festival (19 a 29/09), no Centro Cultural Yves Alves. Com o desejo de ressaltar também o impacto de Leonilson no universo criativo de diferentes artistas contemporâneos, o Festival Artes Vertentes propõe um diálogo entre a obra de um dos maiores nomes da arte brasileira do século XX e a produção de outros artistas que estarão presentes no Festival Artes Vertentes. É o caso de Fernandes, que será um dos artistas residentes da 13ª edição do Festival Artes Vertentes. Desde a sua criação, o Artes Vertentes aposta nos momentos de encontros plurais e diversos proporcionados pelo festival como uma oportunidade única no processo criativo de um artista. Em 2024, o Festival Artes Vertentes inicia um programa de residências artísticas, em parceria com o Instituto Rouanet.

Além da mostra, o artista ainda terá um ateliê em funcionamento na cidade, montado na sede do Instituto Rouanet, possibilitando que público possa acompanhar parte do seu processo criativo. As obras produzidas pelo artista durante o período de residência serão resultado de suas intervenções e interferências com os outros artistas e linguagens apresentados pelo festival.  Os trabalhos ficarão expostos ao público no local da ocupação.

Com uma produção que explora fricções entre violência-sutileza e densidade-vazio, Alcino atravessa a dor como ofício de memória e esquecimento. Nas palavras do artista, é apenas com o recurso da memória que suas pinturas nascem, dando vazão para sensações e narrativas que por muito tempo seguiram infrutíferas no terreno da cabeça. Quando perguntado sobre a alteridade em seu trabalho, Alcino explica: “me atesto como esse Outro em sua singularidade, mas o recurso da intimidade exposta cria um lugar possível para encontros de semelhança”.

Sobre sua residência em Tiradentes, durante o Artes Vertentes, ele discorre sobre a possibilidade de colaborar com outros artistas, cujas motivações e linguagens são distintas: “Aposto na riqueza colaborativa dessas afetações, da multiplicidade do fazer que, mesmo com sintomas distintos, encontram-se em frestas. Há uma subversão para iniciar também a busca por esse sintoma, não apenas perseguido por ele. É uma possibilidade de montar espelhos com fragmentos, costurar mantas com farrapos, dizer que um Todo são unidades de outros. É importante entender como aglutinar memórias.”, reforça.

Para Alcino, os sentimentos são essenciais para o fazer artístico, e podem simbolizar aproximações e distanciamentos: “Como você se sente talvez nos separe, mas o sentir é a aposta do nosso encontro.”

Entrelaçando a escrita e a fotografia, a exposição Silêncios dos exílios reúne trabalhos produzidos pela poeta Marina Skalova e a fotógrafa Nadège Abadie. As obras questionam a migração por meio da linguagem e da imagem através de um trabalho delicado desenvolvido entre os anos de 2016 e 2019, envolvendo a participação de quase cem imigrantes. São pessoas que chegaram à Suíça nos últimos dois anos, fugindo da realidade de países como Afeganistão, Iraque, Irã, Síria, Eritreia, Guiné, Senegal, outros da África e do Oriente Médio.

Como escrever em um idioma no qual você é mudo? Como (d)escrever memórias e paisagens a partir do silêncio imposto pelo exílio?  A ausência de informações nas imagens é acompanhada pela experiência de uma linguagem repleta de buracos e silêncios no espaço expositivo. Juntos, têm o mesmo objetivo: dizer algo sobre a fala e sua ausência, sobre a incapacidade de dizer, sobre o silêncio e a mudez.

A Galeria do IPHAN irá receber a exposição coletiva Gente que somos…apenas gente,   reunindo trabalhos realizados pelos alunas e alunas da Ação Cultural Artes Vertentes, que o Festival realiza ao longo do ano na cidade de Tiradentes.  Serão apresentados os trabalhos dos alunos de curso de Artes Visuais, do curso de Fotografia e Cerâmica.

O Solar da Baronesa, em São João Del Rei, recebe a exposição A linha invisível, reunindo trabalhos assinados por três artistas contemporâneos: o fotógrafo mexicano Alejandro Cartagena, o videoartista mineiro Éder Santos e o poeta palestino Ghayath Almadhoun. As obras selecionadas tratam sobre os limites geográficos impostos pela sociedade, que são capazes de restringir ou delimitar a extensão do nosso olhar e alterar a nossa percepção em relação ao outro. 

 

Artes Visuais no 13º Festival Artes Vertentes Tiradentes 

 

Exposição “Você disse que sabia amar”, de Alcino Fernandes

Datas: de 19 a 29 de setembro

Local: Centro Cultural Yves Alves (Rua Direita, 168 – Tiradentes/MG)

Entrada franca

 

Exposição “Na cor dos lábios do meu amor”, de Leonilson

Datas: de 19 a 29 de setembro

Local: Centro Cultural Yves Alves (Rua Direita, 168 – Tiradentes/MG)

Entrada franca

 

Exposição “Silêncios dos exílios”, com poeta Marina Skalova e a fotógrafa Nadège Abadie

Datas: de 19 a 29 de setembro

Local: Quatro Cantos Espaço Cultural(Rua Direita, 5 – Tiradentes/MG)

Entrada franca

 

Exposição Coletiva “Gente que somos…apenas gente”

Datas: de 19 de setembro a 13 de outubro

Local: Galeria do IPHAN (Rua da Câmara, 124 – Tiradentes/MG)

Entrada franca

 

São João Del Rei 

Exposição Alejandro Cartagena, Ghayath Almadhoun e Eder Santos

Datas: de 21 de setembro a 13 de outubro

Local: Centro Cultural UFSJ (Praça Doutor Augusto das Chagas Viegas, 17 – São João Del Rei/MG)

Entrada franca

Compartilhar:
Notícias - 17/09/2024

Por quê Mary Cassatt, pintora de mães, não era fã do Dia das Mães?

A artista franco-americana Mary Cassatt não estava muito interessada no Dia das Mães. Ela estava mais preocupada com o sufrágio …

Notícias - 17/09/2024

Cai Guo-Qiang usa IA para espetáculo de fogos de artifício explosivos

WE ARE, o evento de explosão muito aguardado aconteceu em 15 de setembro no LA Coliseum. A apresentação começou, literalmente, …

Notícias - 17/09/2024

Veja 5 efeitos positivos da arte na saúde mental

Você sabia?

Está cientificamente provado que a arte pode ter efeitos positivos em nosso humor e pode ajudar a melhorar nossa …

Notícias - 17/09/2024

Estreia filme sobre a célebre fotógrafa Lee Miller

Em seu longa-metragem The Photographer, o diretor Ellen Kuras conta sobre a época de Lee Miller como repórter fotográfica na …

Notícias - 16/09/2024

Nefertiti, “a Mona Lisa de Berlim”, ainda está em disputa

Durante anos, o egiptólogo Zahi Hawass lutou para que o busto da esposa de Akhenaton, de 3.400 anos, retornasse à …

Notícias - 16/09/2024

Homem morre após cair em um museu

Um homem morreu após cair de uma sacada em um museu de Glasgow.
A polícia foi alertada sobre a Galeria de …

Notícias - 13/09/2024

Rosana Paulino recebe prêmio como reconhecimento do feminismo negro no Brasil

A artista é conhecida por seus trabalhos de cunho social, étnico e voltado a questões de gênero, além de explorar …

Notícias - 13/09/2024

Veja resultados da residência artística na Oficina Francisco Brennand

Desde o início de agosto, os artistas Jorge dos Anjos (MG) e Fykyá Pankararu (PE) imergiram no universo do barro, …

Notícias - 13/09/2024

Instituto Inhotim lança selo editorial e novo livro

Espaços de resistência e guardiãs das tradições afro-brasileiras, as comunidades centenárias Sapé, Rodrigues, Marinhos e Ribeirão – quatro quilombos de …

Notícias - 13/09/2024

CASA FIAT DE CULTURA ABRE INSCRIÇÕES PARA 8º PROGRAMA DE SELEÇÃO DA PICCOLA GALLERIA

Entre os dias 12 de setembro e 14 de outubro de 2024, artistas brasileiros e estrangeiros podem se inscrever na …

Notícias - 13/09/2024

Como uma pedra com imagem rara do século 12 apareceu durante reforma de uma casa?

Em agosto, Peter Wittenberg estava realizando obras em sua casa em Klotzow, uma vila no norte da Alemanha, na fronteira …

Notícias - 13/09/2024

Pintura de família real de Van Gogh pode vender US$ 50 milhões em leilão

Les canots amarrés (As canoas atracadas), de Vincent van Gogh, que está na coleção da Família Real de Bourbon-Duas Sicílias, …