Veja como o filme da Barbie se inspirou nos artistas Wayne Thiebaud e Takashi Murakami para criar o cenário

Dar vida ao mundo da Barbie, novo sucesso dos cinemas, envolveu bastante rosa – o suficiente para que a produção do filme tenha causado uma escassez mundial da tinta fluorescente rosa da Rosco.

De acordo com a designer de produção do filme, Sarah Greenwood, esse pigmento específico foi usado como base para criar os cerca de 12 tons de rosa vistos ao longo do filme. Depois que o tom rosa perfeito foi criado, os pintores encomendaram litros do pigmento, apenas para a equipe de design descobrir que não havia o suficiente disponível para atender às suas necessidades.

Isso levou ao que Greenwood chamou de uma “luta louca” para encontrar mais desse tom específico em vários estúdios de cinema nos Estados Unidos e na Europa. A equipe também adquiriu uma combinação de cores semelhante de outra marca de tinta.

“Para chegar a esses rosas, demorou uma eternidade”, afirmou a decoradora de cenários Katie Spencer. Por meio de seus esforços, a equipe conseguiu localizar o suficiente do pigmento altamente cobiçado.

O esquema de cores da Barbie Land surgiu, em parte, da admiração da diretora Gerwig pelo pintor americano Wayne Thiebaud, mais conhecido por suas pinturas radiantes de bolos, sorvete, sundaes e afins. Ele também serviu de fonte de inspiração para a estreia de Gerwig na direção, Lady Bird (2017).

“[Thiebaud] não usa preto e nem branco em suas sombras”, refletiu Greenwood. “Suas sombras são sempre feitas de lindos roxos e azuis, e isso foi algo que fizemos em nossa Barbie Land: não usamos preto, nem branco, nem cromado.”

Enquanto a famosa Casa dos Sonhos da Barbie e suas casas vizinhas foram inspiradas no modernismo de meados do século e na arquitetura de Palm Springs, uma residência, a da Barbie Estranha (interpretada por Kate McKinnon, ex-aluna do Saturday Night Live), é intencionalmente diferente.

Ela é a Barbie exagerada, cujo cabelo é cortado e cuja testa tem rabiscos de canetinha. Da mesma forma, sua casa é “distorcida”, disse Greenwood, para mostrar o que essa personagem representa, já que ela está muito distante – tanto em sua aparência quanto na localização de sua casa – das outras Barbies mais perfeitas.

Em vez de parecer uma quintessência da Casa dos Sonhos Barbie Dreamhouse, a casa da Barbie Estranha é uma fusão de várias casas dos sonhos. Greenwood acrescentou que esta residência funciona como uma espécie de refúgio, onde as Barbies danificadas ou descontinuadas vão para serem consertadas.

A alteridade do design e localização desta morada foi inspirada por uma miríade de fontes. Takashi Murakami foi uma dessas referências, dadas as inúmeras cores vibrantes vistas em todo o exterior e interior – enquanto a casa vitoriana de Psicose de Alfred Hitchcock e a casa de Boo Radley em To Kill a Mockingbird serviram de inspiração devido a suas “presenças iminentes”. Como Radley, Barbie Estranha é uma personagem inofensiva, mas julgada, devido às suas aparentes diferenças em relação às outras Barbies.

A Casa dos Sonhos da Barbie, por outro lado, permanece fiel ao Brinquedo original da Mattel, apresentando iterações em tamanho real dos acessórios da boneca, que foram escaneados e transformados usando CGI.

Dentro da residência, a famosa boneca (interpretada por Margot Robbie) acorda em uma cama de veludo rosa com um edredom de lantejoulas e uma cabeceira em forma de concha inspirada em O Nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli (1485–86).