O grupo Teatro ao Redor apresenta, de 08 de setembro a 1º de outubro, a peça itinerante “Travessia Tiradentes”, com sessões gratuitas de quinta a sábado, sempre às 16h. Ancorados na linguagem site specific (termo que significa criar uma obra artística específica para um determinado espaço), o coletivo tem como fonte de inspiração, pesquisa, cenário e guia a Praça Tiradentes e a sua relação com a efervescência cultural do território.
Encenações, intervenção de artes visuais, revelações históricas e música ao vivo compõem a montagem que conduz o público para uma viagem no tempo não-linear sobre esse reduto cultural que, entre o século XIX e os dias atuais, abrigou mais de 40 teatros: do São Luiz ao Teatro Real São João, passando pelo Teatro Brazilian Garden, Moulin Rouge e o Teatro Maison Moderne, lugar com peças teatrais, roda-gigante, tiro-ao-alvo, balões, fotografia, bola ao cesto, pinball e até uma jaula com leões. Na região havia também salas de cinemas, cafés-concerto, gafieiras, bilhares e outros ambientes propícios à boemia e férteis para a criação artística. Atualmente, a praça abriga alguns espaços culturais que resistem às adversidades do presente, incluindo dois teatros públicos: o João Caetano e o Carlos Gomes (que celebra 150 anos em 2022). A peça termina com uma exposição no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica.
“Este projeto surgiu em setembro de 2019 durante uma conversa em um bar na Lapa. Entre um copo e outro, manifestamos um interesse comum pela história do Centro da cidade e pelos antigos teatros e cinemas do entorno. Na semana seguinte, começamos a nos reunir para pesquisar. Depois, optamos então por um recorte específico: a Praça Tiradentes”, conta Alex Teixeira que, ao lado de Clarisse Zarvos, assina direção, criação e os números de performance desse projeto.
Tendo como ponto de encontro a estátua de D. Pedro I, o público é convidado a percorrer a Praça Tiradentes passando pelos locais onde esses teatros existiram e que hoje em dia funcionam como estacionamentos, edifícios comerciais, cinema pornô, entre outras funções. A cada ponto de parada, os atores interpretam histórias culturais, apresentam curiosidades, especificidades arquitetônicas e causas de desaparecimento. Atuando sempre no limiar entre a ficção e a realidade. A estética do trabalho encontra referência na cultura urbana, e a trilha musical é executada ao vivo por Rach Araújo, mesclando canções compostas para a própria peça, com clássicos da música popular brasileira.
“Nesse projeto, exploramos alguns pontos fundamentais para a construção do discurso artístico do grupo, como a investigação sobre temas urbanos e a utilização de elementos do teatro documentário. Ao lidar com arquivos reais e concretos, como documentos, entrevistas e fotografias, buscamos ativar criativamente as memórias dos espaços, passando por um processo de digestão, reinterpretação e reescritura dos fatos. Assim, os acontecimentos históricos não ficam fixos e estáticos na linha do tempo, mas passam a funcionar como motores para a elaboração de pensamento crítico e de novas ideias”, destaca Clarisse.
A ideia inicial do grupo era fazer um espetáculo grandioso com dez atores e uma fanfarra de músicos, mas veio a pandemia de COVID-19 paralisando o setor cultural em 2020. Para seguir de alguma maneira, os atores decidiram criar um podcast para o Spotify com cinco episódios que serviu de base para a dramaturgia. Depois de dois anos de espera, o projeto finalmente ganha as ruas por meio do FOCA – Fomento à Cultura Carioca, da Secretaria Municipal de Cultura (SMC). Nesse contexto, Travessia Tiradentes marca a estreia ao vivo do grupo Teatro ao Redor. Nesta aventura, a rua é o palco e todos são atores e espectadores, testemunhas das marcas que o teatro deixou e ainda deixa nas memórias de cada cidade.
Exposição

Rosalvo de Abreu, o Nem da Fruta
O projeto também conta com uma intervenção de artes visuais ao ar livre, a partir de uma colagem de lambe-lambe em um muro da Rua Luís de Camões, com imagens de fotografias de personalidades presentes na praça, como o Max Pipoqueiro, o Rei da Erva, vendedores ambulantes, entre outros. Além disso, haverá uma exposição no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (galeria multiuso 1), composta por um mapa poético da Tiradentes e diversas caixinhas de “olho mágico”, onde o espectador poderá ver fotografias de vários teatros e cinemas que existiam no entorno em diferentes épocas. Nesta sala também haverá áudios com entrevistas de frequentadores e depoimentos de artistas que atuaram no local.
Sinopse
Travessia Tiradentes é uma peça itinerante que apresenta um mapeamento dos teatros que existiram e ainda existem no entorno da Praça Tiradentes, no Centro do Rio. Encenações, intervenção de artes visuais, revelações históricas e música ao vivo compõem a montagem que conduz o público para uma viagem no tempo não-linear sobre esse reduto cultural que já abrigou aproximadamente 40 teatros (entre o século XIX e os dias atuais), além de cinemas, cafés-concerto, gafieiras, bilhares e outros ambientes propícios à boemia e férteis para a criação artística. A cada ponto de parada, os atores interpretam a história dos teatros, apresentam curiosidades, especificidades arquitetônicas e causas de desaparecimento, atuando sempre no limiar entre a ficção e a realidade. A estética do trabalho encontra referência na cultura urbana, e a trilha musical é executada ao vivo, mesclando canções compostas para a própria peça, com clássicos da música popular brasileira. O percurso de 60 minutos termina com uma exposição no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica