A mostra Espelho do Poder apresenta os filmes Swinguerra (2019) e One Hundred Steps (Cem Degraus, 2020), na voz da Mestra de Cerimônias Indra Haretrava
Espelho do Poder é o título da exposição concebida como um show audiovisual pela dupla de artistas Bárbara Wagner & Benjamin de Burca especialmente para o Sesc Avenida Paulista. Com curadoria geral de Clarissa Diniz e curadoria de acessibilidade e coordenação do projeto educativo pelo coletivo alingua, a mostra parte de uma reflexão sobre as políticas do olhar e as práticas de espelhamento presentes em Swinguerra (2019) e One Hundred Steps (Cem Degraus, 2020).
Os filmes serão exibidos como um espetáculo, no qual o público será conduzido pela voz da mestra de cerimônias Indra Haretrava, que comenta as obras da dupla, seus contextos e métodos. Com audiodescrição, legendagem e videolibras Espelho do Poder ficará disponível para visitação de 20 de fevereiro a 3 de agosto de 2025, no Sesc Avenida Paulista (5º andar).
Wagner & de Burca são conhecidos por realizar filmes experimentais que investigam manifestações artísticas não hegemônicas. Concebidas como ambientes e instalações, suas obras em audiovisual sempre trazem a música como fio condutor das narrativas híbridas, que navegam pelos gêneros do documentário e da ficção, colocando em evidência práticas culturais, como o brega, o funk, o gospel, o hip-hop e o agitprop.
Elemento central de sua metodologia é a colaboração; em seus filmes, os protagonistas respondem por elaborar e reencenar suas próprias formas de representação diante da câmera. Essa abordagem colaborativa não apenas traz profundidade às suas narrativas, mas também questiona a relação tradicional entre artista e sujeito retratado, dissolvendo barreiras e ampliando o campo de representação cultural.
Sobre este processo, a curadora comenta: “encarando a lente da câmera como espelho, reflexivamente, cada participante agencia sua própria recriação como personagem e integra a roteirização dos filmes em diálogo com Wagner & de Burca. Um método de trabalho que instiga trocas entre os artistas e as perspectivas poético-políticas que a criação coletiva dos filmes faz aproximar”.
Ainda acerca do movimento colaborativo, a equipe do coletivo alingua ressalta que seu procedimento envolve o reconhecimento das especificidades das exposições para o desenvolvimento de projetos de educativo e acessibilidade estética. Em ambos os casos, a proposta é ampliar os caminhos de comunicação dentro do contexto de cada exposição. Nesse processo, essas dimensões se entrelaçam, tornando difícil definir onde uma começa e a outra termina, como partes distintas de um só corpo.
A mostra conta ainda com direção de arte e projeto expográfico de Juliana Godoy, luz de Anna Turra, design do Estúdio Margem, música de Carlos Sá e dramaturgia de João Turchi.
Swinguerra (2019)
O trabalho foi desenvolvido em estreita colaboração com grupos de dança da periferia do Recife, acompanhando sua intensa rotina de ensaios para competições em torno de ritmos como a swingueira, o brega funk e o passinho.
Com a performatividade de traços provocativos e por vezes bélicos, esses gêneros musicais reinventam a resistência cultural e política das comunidades ao atualizarem suas memórias por meio do ritmo, da dança e da poesia.
One Hundred Steps (Cem Degraus, 2020)
O filme reencena visitas guiadas a casas-museus das elites inglesas e francesas, confrontando sua riqueza e poder por meio da presença dos corpos, das vozes e da musicalidade daqueles historicamente expropriados por essas elites. Dessa forma, profana a suposta sacralidade desses ambientes, onde a barbárie colonial se disfarçou de patrimônio cultural.
O trabalho faz referência à obra de Bob Quinn – cineasta irlandês cujas produções se dedicaram a desconstruir o imaginário eurocêntrico hegemônico e a aprofundar o papel que as culturas norte-africanas desempenharam na formação da cultura irlandesa.
Os artistas Bárbara Wagner (Brasília, 1980) & Benjamin de Burca (Munique, 1975) trabalham em parceria há mais de uma década e vêm produzindo filmes e videoinstalações em diálogo com outros artistas e coletivos ligados ao som e à cena.
A dupla desenvolveu um método de pesquisa a partir da investigação e observação documental, construindo a direção, o roteiro, os figurinos e as trilhas sonoras em colaboração com os protagonistas de cada projeto. Essa maneira horizontal de trabalhar é crucial para veicular o conteúdo frequentemente urgente, social e historicamente determinado, da investigação audiovisual da dupla. Em suas abordagens do fazer artístico permanecem os tipos sociais e dinâmicas de atrito político como elementos formadores do discurso.
Wagner & de Burca participaram de bienais como o 33º Panorama de Arte Brasileira (2013) e 32ª Bienal de São Paulo (2016). Em 2017, participaram da decenial Skuptur Projekte (Münster, Alemanha) e do 20º Festival Sesc VideoBrasil. Em 2019, representaram o Brasil na 58ª Bienal de Veneza. Seus filmes já foram apresentados em diversas edições do Festival Internacional de Cinema de Berlim (67ª, 68ª, 69ª e 71ª Berlinale) e foram instalados em mostras individuais no New Museum (New York, USA) e MASP (São Paulo, Brasil).
A exposição abre para visitação no dia 20 de fevereiro a 3 de agosto. Terça a sexta, das 10h às 21h30. Sábados, das 10h às 19h30. Domingos e feriados, das 10h às 18h30, no Sesc Avenida Paulista, Arte I (5º andar) Mezanino I (6º andar). Agendamento para grupos: expo.avenidapaulista@sescsp.org.br
Recursos de acessibilidade: audiodescrição, legendas, mesa tátil, piso podotátil, vídeo libras
Entrada grátis com classificação 12 anos.