Ontem (10/04), o MASP inaugurou uma nova fase de sua programação ao abrir ao público a instalação interativa O Outro, Eu e os Outros, do artista colombiano Iván Argote. Montada no vão livre do museu — espaço projetado por Lina Bo Bardi como praça cívica e local de convivência —, a obra marca a primeira exposição realizada ali desde que o museu assumiu oficialmente a gestão do espaço. Com duas plataformas móveis de grandes dimensões instaladas nas extremidades do vão, a instalação transforma a área em um campo de interação física e simbólica, onde o equilíbrio coletivo é constantemente posto à prova.
A estrutura funciona como gangorra monumental: reage aos deslocamentos dos visitantes e se inclina em resposta ao peso distribuído. A dinâmica é simples, mas carrega uma precisão engenhosa. Enquanto uma única pessoa pouco altera o nível da plataforma, o movimento de várias atua de forma decisiva, alterando o eixo, criando inclinações inesperadas. A situação mais intrigante ocorre quando os participantes atingem, juntos, um raro estado de equilíbrio. A proposta articula de maneira acessível, mas não simplista, questões sobre coletividade, espaço urbano e modos de ocupação pública.
A instalação, já exibida em cidades como Paris, Riade e Lyon, foi adaptada especialmente para os 74 metros do vão do MASP, ganhando escala compatível com a arquitetura que a abriga. Com curadoria de Adriano Pedrosa e assistência de Matheus de Andrade, a obra poderá ser vista a qualquer hora do dia por quem passa pela Avenida Paulista e acessada gratuitamente, das 10h às 22h, por quem desejar participar da experiência. Ao integrar corpo e espaço de maneira direta, a intervenção de Argote propõe uma forma sutil — mas eficaz — de participação: cada passo, ali, interfere no todo.