Obra comprada on-line por US$ 1.000, é identificada como um Degas perdido e vale US$ 13 milhões

Um experiente investidor online conseguiu o melhor negócio da sua vida quando avistou um desenho pastel listado como um Degas “falso” em 2021. A composição surpreendentemente magistral chamou a atenção do apostador e, com a ajuda do especialista Michel Schulman, eles determinaram que provavelmente era Éloge du maquillage, 1876, uma conhecida cena de bordel pintada por Degas que foi registrada como desaparecida por várias décadas.

Esta dramática história veio à tona no dia 28 de maio, quando a pintura foi apresentada ao público no Instituto Francês de Madrid. A notícia foi relatada pela primeira vez pelo meio de comunicação diário Catelan El Punt Avui .

Segundo a reportagem, um comprador não identificado de Barcelona entrou em uma guerra de lances no site de leilões Todocolección. Originalmente listado por apenas 1 euro (US$ 1), ele ganhou o trabalho por 926 euros (US$ 1.000). Na época, isso deve ter parecido uma sorte inesperada para o proprietário anterior, de Sabadell, na Catalunha, que havia herdado a pintura. Embora tivesse a assinatura “Degàs”, ele não acreditava que pudesse ser genuíno.

Agora que foi atribuído a Degas, alguns especialistas sugerem que o pastel impressionista sobre cartão pode valer cerca de 8 milhões de dólares. Outras estimativas chegam a 13 milhões de dólares, segundo o El Nacional.

Schulman, autor do catálogo raisonné online de Degas, com a ajuda dos historiadores de arte Judith Urbano e Álvaro Pascual e do consultor Juan Arjona Rey da Consultores Rey, começou a pesquisar a origem da obra.

A equipe chegou à conclusão de que se tratava de um Degas “após uma análise exaustiva dos pigmentos, um estudo meticuloso realizado com raios X e fotografias, entre outras técnicas”, disse Schulman ao jornal espanhol El Pais. A análise, realizada em Madri em julho de 2023, datou a obra do final do século XIX. Acrescentou que também é importante verificar se a assinatura do trabalho está integrada e não foi acrescentada posteriormente.

Schulman, que catalogou 1.750 obras de Degas, sugeriu ainda que Éloge du maquillage estava relacionada a outra obra do pintor francês, Le client sérieux. “Degas costumava trabalhar em suas pinturas a partir de uma cena ou personagem de outra obra anterior”, explicou Schulman.

A investigação da equipe de autenticação foi auxiliada por várias etiquetas ainda coladas no verso da obra, o que permitiu comprovar que a obra entrou na Espanha enquanto estava na posse do artista Julián Bastinos, que a comprou de Degas em Paris em 1887 por 3.000 francos. Esta transação está registrada em uma carta que Degas enviou ao seu amigo, o cantor de ópera Jean-Baptiste Faure.

Bastinos levou-a consigo para o Cairo na década de 1910, uma estada referenciada por uma etiqueta no verso da obra que mostra que ela foi emoldurada no Egito. Após a morte de Julián em 1918, o pastel foi repatriado para Barcelona por seu irmão Antonio J. Bastinos.

Em 1934, a obra teria sido uma das 150 obras da coleção da família Bastinos, incluindo uma pintura a óleo de Goya, que foram confiscadas pelas autoridades. Eles foram armazenados pelos republicanos franquistas no mosteiro de Pedralbes para serem guardados em segurança durante a Guerra Civil Espanhola.

Uma etiqueta no verso do Ministério da Educação Nacional franquista registra que o pastel foi “recuperado do inimigo” em janeiro de 1939. Os pesquisadores afirmam que ele foi devolvido à família Bastinos em 1940 e logo depois vendido a Llonch em 13 de setembro de 1940 por 3.000 pesetas.

A obra foi vista em público pela última vez em 1952, quando Joan Llonch Salas a emprestou para uma exposição coletiva na galeria Gaspar de Barcelona, ​​conforme registrado por outra etiqueta no verso da obra. Uma monotipia em papel do mesmo tema, uma mulher ruiva retratada de perfil e empoada, faz parte do acervo do Musée des Beaux-Arts du Canada, em Ottawa. Éloge du maquillage agora está listado no catálogo digital raisonné de Schulman.