Uma pintura de Miriam Cahn no Palais de Tokyo, em Paris, que despertou a fúria da direita, ganhou as manchetes na França mais uma vez depois de ter sido vandalizada no domingo.
A pintura, intitulada Fuck Abstraction!, aparece em uma mostra de Cahn programada para encerrar sua exibição polêmica em 14 de maio. Cahn e o museu deixaram claro que o trabalho era uma resposta aos abusos dos direitos humanos na Ucrânia, mas políticos conservadores e grupos de direitos das crianças alegaram que promovia a pedofilia.
Na obra, Cahn representa uma figura menor cujas mãos estão amarradas realizando um ato sexual em uma outra figura maior. Ela disse que a pintou depois de ver relatos de valas comuns em Bucha e estupros por soldados russos em 2022. Certos políticos e organizações tentaram sua remoção da mostra, mesmo que o Conselho de Estado francês tenha considerado que a pintura poderia ser exibida com base em que não representava pedofilia e que qualificava como liberdade de expressão (Saiba tudo sobre o imbróglio jurídico envolvendo a obra CLICANDO AQUI).
Segundo a Agence France-Presse, na tarde de domingo, um visitante que o Palais de Tokyo descreveu como uma “pessoa idosa” jogou tinta roxa na obra! O homem estava “infeliz com a encenação sexual de uma criança e um adulto representado, segundo ele”, disse o museu.
Após o vandalismo, duas salas da exposição foram fechadas ao público.
Rima Abdul Malak, ministro da cultura da França, disse à Franceinfo: “É um ataque direto à liberdade de expressão, o que é bastante sério”.
A Franceinfo, que primeiro divulgou a notícia, publicou uma foto do que parecia ser a obra vandalizada. Segundo relatos, o homem que vandalizou a obra havia escondido a tinta em um frasco de remédio.
Guillaume Désanges, presidente do Palais de Tokyo, disse a obra permaneceria em exibição até o final da mostra. Mais de 80.000 pessoas já viram a exposição.
Na segunda-feira, o presidente francês Emmanuel Macron chegou a avaliar a situação, twittando : “Atacar um trabalho é atacar nossos valores. Na França, a arte é sempre gratuita e o respeito pela criação cultural é garantido”.
Veja abaixo a polêmica obra: