O Museu de Arte do Rio hasteará, no dia 13 de maio, sua nova bandeira. O trabalho inédito “Andando em círculo”, criado pela artista Sônia Gomes especialmente para o MAR, nos remete ao patuá afro-brasileiro, aos saberes femininos passados por gerações e à ancestralidade do simples ato de costurar que amplia seus sentidos em um museu localizado na região conhecida como Pequena África.
A artista mineira aprendeu a costurar com sua tia e, como muitas mulheres de sua geração, a ocupação feminina envolvia aprender os pontos de bordado, o crochê e a cerzidura. De sua avó, parteira e benzedeira, Sônia Gomes reteve na memória a religiosidade afro-brasileira. Uma das maiores referências de seu trabalho é o patuá, pequeno amuleto de tecido com as cores e os elementos relacionados a cada Orixá. Mas Sônia desconstrói os pontos, se apropria dos crochês, deixa os fios soltos e cria uma nova visualidade. Da roupa garimpada no brechó aos retalhos que ganha de amigos, ela retira do tecido sua utilidade prática para recriá-lo em poesia. Assim, vai construindo instalações, tramas ampliadas, em que conseguimos entrever certos movimentos da costura, os pontilhados, as mandalas e motivos ornamentais. De outro modo, nos impactamos com o choque entre as cores, texturas e geometrias, ora, aveludadas, retas, ora, fluidas e evanescentes.
Para marcar a inauguração da nova bandeira, o MAR irá realizar uma roda de conversa on-line, a partir das 17h, com a presença de Amanda Bonan e Marcelo Campos, da equipe de Curadoria do museu, e mediação do educador Guilherme Marins. No encontro, que será transmitido ao vivo pelo Youtube, os participantes irão falar sobre o histórico do projeto que desde 2018 convida artistas a ocupar o mastro do prédio histórico que abriga o Pavilhão de Exposições, e o diálogo criado entre estas bandeiras, a Coleção MAR e a Escola do Olhar.
“O mastro da bandeira foi restaurado em 2018. A partir disso, o MAR comissionou quatro artistas para realização de projetos especiais: Adriana Varejão, Marcos Chaves, Xadalu e, agora, Sônia Gomes. A bandeira traz para o museu um posicionamento sociocultural e político frente à sociedade”, explica Marcelo Campos, curador-chefe da instituição.
Além da roda de conversa no dia do hasteamento, o museu irá realizar ainda duas oficinas educativas como desdobramento do projeto, nos dias 15 e 22 de maio, às 10h30. A primeira, “Costura presente: costura à mão”, irá propor o compartilhamento de saberes da costura à mão e bordado simples, trazendo o trabalho de duas integrantes do programa Vizinhos do MAR, Eliana Rosa e Maria de Fátima de Oliveira, e suas relações com a costura. A segunda, “Costura presente: costura em máquina doméstica”, visa à instrução de operações básicas da máquina de costura doméstica, dialogando com duas diferentes perspectivas do trabalho: a costura como arte no trabalho de Sônia Gomes e a costura como fonte de renda no período da pandemia na produção de Katia Ranna.
programação
13/05, 17h – Inauguração on-line da bandeira
Escola do Olhar convida Amanda Bonan e Marcelo Campos | Mediação: Guilherme Marins
Ao vivo no canal do MAR no Youtube
15/05, 10h30 – Oficina Costura presente: costura à mão
Eliana Rosa e Maria de Fátima de Oliveira
Atividade presencial limitada a 12 participantes (Link para inscrição nas redes sociais e no site do museu)
15/05, 10h30 – Oficina Costura presente: costura em máquina doméstica
Sônia Gomes e Katia Ranna
Atividade presencial limitada a 12 participantes (Link para inscrição nas redes sociais e no site do museu)