A pintura renascentista Madonna e o Menino, de Antonio Solario, roubada de um museu no norte da Itália em 1973, ressurgiu no Reino Unido, mas permanece nas mãos de Barbara de Dozsa, que se recusa a devolvê-la. A obra foi adquirida pelo Museu Cívico de Belluno em 1872 e, após o roubo, algumas peças foram recuperadas na Áustria. No entanto, a pintura de Solario acabou na coleção da família De Dozsa, pois seu falecido marido, o Barão de Dozsa, a comprou em boa fé no mesmo ano do crime. Em 2017, ao tentar vendê-la em um leilão, a obra foi reconhecida como uma das peças mais procuradas por autoridades como a Interpol e a polícia italiana.
Apesar da comprovação do roubo, entraves legais e atrasos burocráticos impediram que a obra fosse recuperada. O advogado especializado em arte Christopher Marinello tentou persuadir De Dozsa a devolvê-la, mas ela alegou direito sobre a peça com base na “Lei de Prescrição” de 1980, que permite que um comprador se torne proprietário legal de um bem roubado após seis anos, se não houver vínculo com o crime original. Segundo o jornal The Guardian a polícia britânica afirmou que não poderia tratá-la como criminosa, tornando o caso uma disputa civil. Mesmo com uma oferta de reembolso dos custos legais feita por uma seguradora italiana, ela recusou devolver a pintura sem ser paga pelo valor total estimado, entre 60 e 80 mil euros.
Especialistas alertam que De Dozsa nunca poderá vender a obra, pois seu histórico de roubo está registrado em bancos de dados internacionais e qualquer tentativa de levá-la à Itália resultaria em apreensão imediata. Para Marinello, há um argumento moral incontestável para que a pintura retorne ao povo de Belluno, mas, por enquanto, a disputa continua sem solução.