A artista brasileira Karola Braga participa da 3ª edição da Desert X, que acontece até 23 de março em AlUla, região de patrimônio natural localizada no noroeste da Arábia Saudita. Desenvolvida a partir do tema “Na Presença da Ausência” em que a proposta é responder à pergunta central ‘o que não pode ser visto?’, os artistas participantes foram convidados a explorar ideias do invisível e do inexprimível. Desse modo, e sob a curadoria de Maya El Khalil e do também brasileiro Marcello Dantas, Karola leva incensos ao deserto cujos aromas têm a tentativa de recriar a experiência sensorial olfativa do período que ficou conhecido como Rota do Incenso. A Artista é representada pela Luis Maluf Galeria de Arte
Com base em suas pesquisas olfativas na qual o uso de aromas é algo proeminente, a artista leva para o evento a obra site-specific “Sfumato”, inspirada em um contexto histórico em que, segundo ela, o mundo antigo era repleto de fragrâncias. “Especiarias aromáticas e resinas tinham grande valor como itens de luxo. Rotas comerciais como a famosa Rota do Incenso foram estabelecidas para transportar essas mercadorias preciosas de civilizações distantes, facilitando a troca cultural, o comércio e a descoberta.” Nesse cenário, AlUla desempenhou um papel fundamental na jornada das caravanas ao longo da Rota do Incenso, servindo como um local de descanso onde os comerciantes pausavam para relaxar e cuidar de seus camelos durante o dia. Para Luis Maluf, à frente da galeria que representa a artista, “o projeto é notável por ser a primeira obra olfativa em um contexto de espaço aberto e natureza, criando uma forma de Landart aromática”.
“Sfumato” se inspira nesse momento histórico, buscando recriar o fascínio sensorial da antiga Rota do Incenso por meio da arte e da exploração olfativa. “Meu objetivo é transportar os participantes de volta no tempo, permitindo que eles interajam com a herança olfativa da Rota, suas mercadorias fragrantes e as trocas culturais que ela facilitou”, completa Karola. Uma abordagem que visa conectar o presente com o passado, trazendo à tona tradição e significados relativos àquele tempo e espaço. Em total consonância, a potencialidade do projeto da artista, que pretende fundir arte, história e exploração olfativa em uma experiência única e enriquecedora, se apresenta amplamente conectado ao tema da mostra, já que as pesquisas olfativas da artista abordam, muitas vezes, os conceitos de presença/ausência e memória/esquecimento.
Cativar os participantes, estimular seus sentidos e inspirar uma conexão mais profunda com o significado do odor na história humana, complementam as intenções do projeto. O foco olfativo central está nas icônicas fragrâncias de olíbano e mirra, que eram negociadas ao longo da Rota e têm imensa importância cultural e histórica. Para isso, a artista criou uma estrutura oculta na paisagem arenosa onde adicionou um elemento de mistério e descoberta, aprimorando a jornada dos participantes enquanto seguem os caminhos preenchidos de fumaça.
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