As “mãos gigantes” – obras de mais de 2 metros de altura em fibra de vidro que ocupam 10 pontos da cidade do Rio – foram unidas na sexta-feira (26/2). As esculturas, constituídas por um par de mãos, foram instaladas no dia 19/2 com as duas partes separadas. Nesta segunda fase da intervenção urbana, as mãos se juntaram, representando a retomada de contatos, planos e afetos em 2021 – depois de um 2020 de privações e isolamento impostos pela pandemia do Covid-19.
As obras podem ser apreciadas até o dia 7 de março em Copacabana, Largo da Carioca, Mercadão de Madureira, Barra da Tijuca, Aterro do Flamengo, Lagoa Rodrigo de Freitas, Central do Brasil, Calçadão de Campo Grande, Tijuca e Arpoador. Depois, a instalação segue para o interior do estado. As peças são assinadas por 10 artistas locais: Agrade Camíz, Bruno Awful, Cláudia Lyrio, Igor Nunes, Loo Stavale, Márcia Falcão, Maria Amélia Diegues, Mario Band’s, Robnei Bonifácio e Yhuri Cruz.
A intervenção urbana integra campanha Rio de Mãos Dadas, conjunto de iniciativas do Sistema Fecomércio RJ (Sesc RJ e Senac RJ) que visam a envolver as pessoas em um clima de positividade em 2021 para superar o difícil ano que passou. Estão previstos ainda exposições itinerantes, maratonas virtuais, cursos adaptados ao “novo normal”, Prêmio Fecomércio de Cultura e uma Edição Especial do Prêmio Visão Consciente, entre outras atividades.
“Nosso objetivo é reforçar o compromisso com milhares de pessoas em todo o estado. Fortalecer a importância dos serviços de cultura, educação, capacitações, ações sociais e oportunidades oferecidos pelo Senac RJ, pelo Sesc RJ, pela Fecomércio RJ e pelo IFec diariamente. Queremos levar para a população fluminense a mensagem de esperança, superação, otimismo e união para o novo ano”, explica Antonio Florencio de Queiroz Junior, presidente do Sistema Fecomércio RJ.
SOBRE AS OBRAS E OS ARTISTAS
MERCADÃO DE MADUREIRA – Obra: CUIDA
Artista: Agrade Camíz (Camila) – cresceu no conjunto habitacional IAPC, localizado às margens da favela do Jacaré na Zona Norte carioca e produz intervenções na rua há 9 anos, pintando murais, graffitis, passando inicialmente pela pichação. Atualmente desenvolve pesquisa sobre estética do subúrbio do Rio de Janeiro, utilizando expressões, formas e signos da cultura local e da habitação popular.
ATERRO DO FLAMENGO – Obra: FLUXOS
Artista: Bruno Awful – graduando em Artes Visuais pela UERJ, desenvolve uma produção visual que formaliza seu olhar sobre relações de fissuras entre cidade, humanidade, corpo e poder em artifícios visuais viscerais, por meio da pintura, gravura e da produção de objetos.
IPANEMA – Obra: A VIDA PRESENTE
Artista: Cláudia Lyrio – a artista natural do Rio de Janeiro, pesquisa o ciclo da vida e a natureza em uma narrativa onde a paisagem emerge como protagonista e o pensamento da cor é um dos eixos de significado. É formada em Pintura e Letras (ambas pela UFRJ), tem Especialização em História da Arte e Arquitetura no Brasil (PUC-Rio) e Mestrado em Literatura Brasileira (UFRJ).
COPACABANA – Obra: MANIFESTO PÓS-VANDALISMO
Artista: Igor Nunes – graduado em Design Gráfico pela ESPM, no Rio de Janeiro, e em Pintura e Desenho, pela A.R.C.O., em Lisboa, Portugal. Integrou diversas exposições coletivas nos dois países. Em 2015 ganhou o prêmio Spoleto ArtRua e em 2020 pintou um mural em um antigo armazém tombado na Zona Portuária do Rio. O artista investiga o que há para além do muro, explora o espaço urbano, questões relacionadas à subversividade, a quebra de ordens pré-estabelecidas, o deslocamento geográfico e a crítica social.
LAGOA RODRIGO DE FREITAS – Obra: FEITO COM CARINHO
Artista: Loo Stavale – artista, mestranda em Processos Artísticos Contemporâneos pela UERJ, bacharel em Gravura pela Escola de Belas Artes/UFRJ. Participou de ações e exposições como ArtRua – Mostra de Arte Urbana, ocupação periódica do muro do Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, Boreart, Sesc Tijuca e Festival de Inverno no Sesc Teresópolis, Deu na Telha no Complexo do Alemão, CMHO, entre outras.
CENTRAL DO BRASIL – Obra: CULTURA NA BORDA DA PALMA DA MÃO
Artista: Márcia Falcão – artista plástica graduada em Pintura pela UFRJ. Um dos temas recorrentes em seus trabalhos tem sido a problemática feminina vista através de experiências pessoais tendo o Rio de Janeiro como cenário, ora belo e poético, ora violento e assustador. Passeando pelo grotesco assume a linguagem figurativa como meio para transmitir críticas à contemporaneidade.
BARRA DA TIJUCA – Obra: NAS NOSSAS MÃOS
Artista: Maria Amélia Diegues – formada em Paisagismo pela escola de Belas Artes da UFRJ, transita por diversas técnicas, algumas artesanais como aquarela, lápis de cor, serigrafia, assim como em computação gráfica. Seu trabalho é colorido e de formas orgânicas ligadas à natureza como flores, vegetais e animais. Influência da sua formação original e de sua vivência com as coisas da cozinha e confeitaria muito presentes em sua vida.
LARGO DA CARIOCA – Obra: COADUNAÇÃO
Artista: Mario Bands – indicado ao Prêmio Pipa 2017, realiza obras marcadas pelo intenso uso da geometria e precisão no trabalho das cores, luzes e sombras. Utiliza a técnica do Grafitti para deslocar elementos, atrair, confundir e trair o olhar do espectador com a inserção de novas formas, nos diversos suportes que utiliza.
TIJUCA (SAENS PENA) – Obra: HINTERLÂNDIA É O CENTRO
Artista: Robnei Bonifácio – Formado em Gravura pela Escola de Belas Artes da UFRJ e mestre em Linguagens Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRJ, vive, trabalha e transita entre Rio e Nova Iguaçu. Em seu trabalho investiga maneiras de dialogar com espaço urbano por meio de desenhos, pinturas, propostas educativas e intersociais, abordando o subúrbio como território central para a produção de afetos
CALÇADÃO DE CAMPO GRANDE – Obra: FUGA E FÚRIA
Artista: Yhuri Cruz – artista visual e escritor, nascido em Olaria, no RJ, em uma família de matriz afro-brasileira. Seu trabalho consiste em promover a intersecção entre sua herança ética e estética familiar, anticolonialidades e esferas privilegiadas e transgressoras do campo artístico. Desenvolve sua prática a partir de criações textuais, visuais e proposições instalativas e performativas, que dialogam com sistemas de poder, crítica institucional, relações de opressão, encenações de cura, resgates subjetivos e violências sociais reprimidas ou não resolvidas.