Ativistas climáticos do grupo francês Riposte Alimentaire (Contra-ataque Alimentar) organizaram um protesto no famoso Salão dos Espelhos, no palácio francês de Versalhes, no sábado, abrindo sacos de pó de laranja no chão, num protesto apelando a alimentos sustentáveis para todos. O pó foi determinado como argila inofensiva. Dois manifestantes foram presos, segundo relatos da mídia.
“O Salão dos Espelhos é a indecência de uma minoria que monopoliza o poder e o dinheiro enquanto o povo morre”, disse o grupo numa publicação no Instagram, acrescentando que “350 anos depois nada mudou!”
“Através desta ação, a Riposte Alimentaire pretende sensibilizar para as crescentes desigualdades, permitindo que uma minoria privilegiada monopolize parte dos recursos, enquanto a maioria dos cidadãos recolhe as migalhas”, afirmou o grupo. A ação foi programada para chamar a atenção para a Lei de Orientação Agrícola, projeto de lei que será debatido no dia 14 de Maio na Assembleia Nacional e que, na opinião da organização, é “o exemplo perfeito” do problema.
A Riposte Alimentaire recebeu o crédito pela ação num comunicado de imprensa, que afirmava que “o direito à alimentação é reconhecido pelo direito internacional” e diz que o grupo “quer que seja respeitado na prática, para uma alimentação universal, democrática e sustentável”.
Localizado a cerca de 20 quilômetros a oeste de Paris, o Palácio de Versalhes foi encomendado pelo rei Luís XIV, que, a partir de 1661, expandiu um simples pavilhão de caça para o que se tornaria a capital de fato da França quando o rei mudou a sede de sua corte e governo lá em 1682. O palácio e o parque foram designados Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1979. Cerca de 15 milhões de pessoas visitam o palácio ou o parque e jardins circundantes anualmente, tornando-o uma das maiores atrações turísticas do mundo.
A Riposte Alimentaire é conhecida por protestos climáticos de alto perfil e que ganharam manchetes, direcionados a instituições culturais e obras de arte.
Em janeiro, o grupo jogou sopa de abóbora na Mona Lisa, no Museu do Louvre, em Paris. “O que é mais importante?” gritaram os manifestantes após atacar a obra de Leonardo da Vinci. “Arte ou direito à alimentação saudável e sustentável? Nosso sistema agrícola está doente. Nossos agricultores estão morrendo no trabalho.”
No mês seguinte, jogaram sopa na pintura Primavera (1872), de Claude Monet, no Musée des Beaux-Arts, na cidade francesa de Lyon. “Esta Primavera será a única que nos resta se não reagirmos”, cantavam os ativistas, em referência ao título da pintura. “O que nossos futuros artistas pintarão? Com o que sonharemos se não houver mais primavera?”