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MAM São Paulo anuncia curadores e tema do 38º Panorama da Arte Brasileira

O Museu de Arte Moderna de São Paulo anuncia Germano Dushá e Thiago de Paula Souza como curadores do 38º Panorama da Arte Brasileira, que será exibido entre outubro de 2024 e janeiro de 2025. O título desta edição, Mil graus, indica o objetivo da curadoria em traçar um horizonte multidimensional da produção artística contemporânea do Brasil, a fim de elaborar criticamente a realidade atual do país sob o senso de urgência e a capacidade de transformação do que eles denominam um “calor-limite” – temperatura em que tudo derrete, desmancha e se transmuta.

“O Panorama da Arte Brasileira é uma mostra fundamental na história do MAM e um marco na história da arte do país. A cada edição, a exposição bienal apresenta projetos que contribuem para o debate de questões latentes da arte contemporânea”, comenta Elizabeth Machado, presidente do MAM São Paulo.

Cauê Alves, curador-chefe do museu, conta que a seleção do projeto curatorial para o 38º Panorama da Arte Brasileira do MAM foi um processo debatido na Comissão de Artes do MAM. “Convidamos diversos curadores para apresentarem propostas. Depois de nos reunirmos com elas em mãos, escolhemos Mil graus para ser executado. Trata-se de um projeto que nos convida a refletir sobre a arte e o mundo contemporâneo a partir de condições extremas, tanto no sentido de questões históricas e sociopolíticas, como também em relação a discussões ecológicas e tecnológicas”, ele explica.

Mil graus

O título escolhido pela curadoria desta 38ª edição parte de uma expressão coloquial que pode assumir múltiplos significados a depender do contexto, mas que invariavelmente funciona como índice de elevada intensidade. Em texto de apresentação sobre o projeto, Germano Dushá e Thiago de Paula Souza explicam que “como mote, a ideia de uma temperatura oposta ao zero absoluto, uma temperatura máxima intransponível, cuja incidência resulta numa agitação molecular total, ou seja, capaz de derreter qualquer matéria existente, serve como ponto de imaginação para pensar contextos com alta taxa de variação ambiental e situações envolvendo processos de combustão, eletricidade e atrito. Nesse sentido, o projeto orienta-se pelo interesse por formulações ligadas à experimentação, ao risco intenso, às situações radicais, às condições extremas marcadas pelo calor — metafísico, metafórico e climático —, e aos estados — da alma e da matéria — que nos põem diante da transmutação como destino inevitável e imediato”.

O corpo da mostra – que será anunciado em março de 2024 – vai reunir artistas que abordam, de modo singular ou subjetivo, questões históricas, sociopolíticas, ecológicas, tecnológicas e espirituais.

Os curadores

Natural de Serra dos Carajás (PA), Germano Dushá é curador, escritor, crítico e agente cultural. Graduado em Direito (FGV-SP) e pós-graduado em Arte: Crítica e Curadoria (PUC-SP), ele vive e trabalha em São Paulo. Sua pesquisa traz o cruzamento entre estética, crítica e tradições esotéricas, e sua prática assume múltiplas formas — em experimentações curatoriais, literárias e hipermídias — para investigar imaginários sociais, e a energia ligada às experiências subjetivas radicais e aos processos de transmutação. Ao longo de sua trajetória, vem colaborando com instituições, galerias e publicações em diferentes países. Entre as exposições mais recentes em que assinou curadoria, estão Esfíngico Frontal, da Galeria Mendes Wood DM (São Paulo) e Arqueia mas não quebra, da Almeida & Dale (São Paulo), ambas de 2023; Calor Universal, na Pace Gallery (Hamptons) e Semana sim, Semana não, da Casa Zalszupin (São Paulo) em 2022; e A Hora Instável, na Bruno Múrias (Lisboa), em 2019. Atualmente é coordenador do Fora, organização pluridisciplinar fundada em 2018 que trabalha com projetos culturais e estratégias institucionais.

Thiago de Paula Souza é curador e educador, sua pesquisa perpassa o desejo de ampliar e reelaborar o formato expositivo, e a potência da arte contemporânea e da educação ao repensarem o passado e produzirem novos códigos éticos. A prática de Thiago cruza diferentes configurações de conhecimento e poder, articulando a construção de infraestruturas para imaginar um mundo em que a violência não é mais seu fundamento. É formado em Ciências Sociais pela Unesp e doutorando pela HDK-Valand na Universidade de Gotemburgo, Suécia. Entre os projetos institucionais em que já atuou, estão While We Are Embattled (2022), do Para Site, em Hong Kong, onde foi co-curador; e Atos de revolta, no MAM Rio; integrou equipes curatoriais da 3ª edição da Frestas — Trienal de Artes (2020 – 2021), organizada pelo Sesc São Paulo; We don’t need another hero — 10ª Bienal de Berlim (2018); e foi consultor curatorial da 58ª Carnegie International (2012/2022). Atualmente colabora em um programa de pesquisa curatorial com Vleeshal, na Holanda, e integra o comitê de curadores da Ners Foundation.

Redação

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