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Inventor da fotografia tinha um truque curiosíssimo para impedir que suas imagens se desenvolvessem demais

Um pioneiro da fotografia pode ter usado urina para criar suas imagens históricas. 

Essa foi uma das revelações que um grupo de especialistas em conservação do Brasil, Portugal e Estados Unidos tirou ao reexaminar uma série do que se acredita estar entre os mais antigos artefatos fotográficos sobreviventes nas Américas, todos criados pelo século XIX pelo artista, aventureiro e inventor Hercule Florence. 

De origem franco-ítalo-monegasca radicado no Brasil, Florence foi um dos primeiros a fixar permanentemente as imagens no papel por meio de produtos químicos. Suas inovações nesta área precederam as de Louis Daguerre e Henry Fox Talbot, dois cientistas amplamente creditados com o desenvolvimento da tecnologia fotográfica, mas vieram depois dos experimentos inovadores de Nicéphore Niépce. 

Ao contrário desses dois cientistas, que foram aclamados internacionalmente em sua época, Florence passou relativamente pouco reconhecido por seu trabalho. Felizmente, suas conquistas estão ganhando um brilho ainda maior agora. 

Trabalhando no Laboratório HERCULES da Universidade de Évora, em Portugal, os pesquisadores aplicaram recentemente uma série de técnicas analíticas a três impressões gráficas sobreviventes feitas por Florence: uma borda decorativa para um diploma maçônico e dois modelos de design feitos para rótulos de farmácias. Todos os três objetos têm quase dois séculos de idade. 

A fotomicrografia revelou que o papel que Florence usou para criar as imagens era semelhante ao encontrado em experimentos anteriores dele. A fluorescência de raios-X, entretanto, mostrou que o nitrato de prata ou cloreto de prata foi usado para o desenho do diploma e o cloreto de ouro foi usado para rótulos de farmácias. Esses materiais se mostraram cruciais na busca do inventor não apenas para capturar a luz, mas também para registrá-la permanentemente. 

Os primeiros estudos de Thomas Wedgwood e outros provavelmente levaram Florence a usar papéis revestidos com produtos químicos sensíveis à luz. Em cima deles, ele colocou pedaços de vidro enegrecido com desenhos gravados neles. 

Esse processo criou uma imagem positiva, mas ele ainda precisava de uma maneira de impedir que a imagem continuasse a escurecer quando exposta à luz. Para esta solução, ele experimentou alguns materiais não convencionais. 

Por meio de uma técnica chamada espectroscopia ATR-FTIR, os pesquisadores identificaram uma quantidade maior de proteína nos rótulos das farmácias. O achado pode ter a ver com a composição do papel, mas também pode sugerir a presença de urina. Em outras palavras, para impedir a revelação de suas fotos, Florence pode ter feito xixi nelas ou embebido em excrementos. Ele escreveu sobre a experiência com a última técnica, explicou um representante do museu.

Para os especialistas em conservação, a descoberta fala da engenhosidade do cientista do século 19, que trabalhou sem os recursos de seus contemporâneos europeus. 

“O que Hercule Florence realizou é realmente uma pré-história da fotografia”, disse Art Kaplan , cientista associado do Getty Conservation Institute em Los Angeles, que co-liderou o esforço de pesquisa com António Candeias, do Laboratório HERCULES. “Ele estava um passo à frente, empregando certos elementos que eram comumente usados ​​no processo fotográfico.” 

As fotografias analisadas, acrescentou Kaplan, “acreditam ser as únicas sobreviventes daquele período”. 

Redação

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