Instituto Pintora Djanira (IPD) lançará projeto de catalogação e digitalização de acervo da artista

Instituto Pintora Djanira inicia atividades públicas com projeto de catalogação e digitalização de um conjunto de 200 itens provenientes, em sua maioria, do acervo da artista considerada um dos pilares do modernismo brasileiro

Sob a direção artística de Fernanda Lopes, instituição prevê uma série de ações de preservação e difusão da obra de Djanira. Plataforma on-line será lançada em dezembro

O Instituto Pintora Djanira (IPD) se estrutura a partir do compromisso de incentivar a reflexão crítica e o conhecimento sobre a extensa obra de Djanira da Motta e Silva (1914-1979), com o objetivo de catalogar, salvaguardar e difundir esta produção através da construção de uma plataforma on-line.

Fundada em 2021, com direção geral de Eduardo Taulois – sobrinho do historiador baiano José Shaw da Motta e Silva, companheiro da pintora paulista – e direção artística da curadora, crítica de arte e pesquisadora Fernanda Lopes, a instituição sem fins lucrativos pretende estabelecer diálogos entre passado e presente, culturas e territórios, com base nas questões abordadas por Djanira em sua produção, constituída entre os anos 1940 e 1970. “Foram três anos de trabalho de estruturação do instituto até aqui e, a partir de agora, iniciamos as atividades públicas”, informa Fernanda.

A partir do dia 9 dezembro de 2024, informações acerca de um conjunto de 200 itens da artista autodidata – entre pinturas, gravuras e desenhos pertencentes ao acervo artístico gerido por Taulois, que detém os direitos autorais por sucessão – estarão disponíveis gratuitamente no site do Instituto Pintora Djanira (www.institutopintoradjanira.com.br). A plataforma reunirá também documentos e textos que abordam aspectos como a economia da linguagem, o uso de planos concisos, a organização geométrica das figuras e os tons vibrantes escolhidos por zonas de cor, que caracterizam a poética da artista.

Entre os destaques do acervo estão as pinturas Alambique e Casa de Paraty, ambas de 1967; as gravuras Sem título (malabarista), 1958, e Sem título (do álbum Casa de Farinha), 1974. Há também desenhos, como Engomadeira, 1954, e estudos de ilustração para o livro “Campo Geral”, de Guimarães Rosa.

“O instituto parte desse conjunto de 200 peças para, entre outras etapas, contemplar também as instituições e coleções privadas. A proposta é que seja uma iniciativa de apoio a projetos e um centro de referência em torno da obra dessa importante artista. Combinando projetos de curto, médio e longo prazos, pretendemos estimular a reflexão sobre o legado deixado por Djanira, a fim de reafirmar sua potência e contribuição para a discussão de questões relevantes para a atual produção artística e crítica brasileiras”, informa Eduardo.

“Nossa intenção é reunir informações de obras e fazer parcerias com outras instituições, como o Museu Nacional de Belas Artes, que abriga o maior conjunto de trabalhos da Djanira. Inclusive, nos anos 1980, o MNBA organizou uma publicação excelente em torno da produção dela, com textos inéditos de fortuna crítica. Temos o desejo de reedita-la ampliada para uma edição bilíngue. Outra diretriz é o desenvolvimento de projetos educativos com escolas”, revela Fernanda.

De acordo com Taulois, estas ações seguirão em paralelo ao trabalho de catalogação e ao processo de certificação da obra da artista: “A Djanira é uma pintora muito falsificada e, em vida, já demonstrava preocupação em relação às cópias. Queremos incentivar discussões sobre a importância da certificação e do desenvolvimento de expertise para reconhecimento de autenticidade”, diz o diretor.

O Diretor de Relações Institucionais do IPD, Hugo Bianco, ressalta que o processo de preservação e difusão da obra da artista passará por diferentes etapas: “Além da revisão catalográfica, do licenciamento de imagens  e da criação de uma plataforma digital acessível, o instituto pretende construir pontes a partir da produção da Djanira preparando o caminho para o desenvolvimento de projetos e programas de incentivo à pesquisa e formação de professores de escolas públicas e privadas, adianta Hugo. “Organizar o catálogo raisonné também está entre os próximos passos”.

Para Eduardo, a produção da pintora dialoga frontalmente com o momento atual do Brasil: “Toda essa questão do protagonismo e da ressignificação das relações aparece na obra da Djanira, desde o começo. Ela fez um trabalho aprofundado de pesquisa, ampliando o repertório da tradição modernista. Viajou por todo o país, não se limitando a determinados nichos e regiões. E criou uma representação muito abrangente de vários aspectos culturais brasileiros, inserindo e destacando o tema do trabalho como elemento fundamental de nossa cultura”, observa Taulois. “Personagens que permanecem sofrendo processos de apagamento, como os povos indígenas e os trabalhadores do campo, aparecem em posições nobres em suas pinturas”.

Fernanda lembra que Djanira era católica e tem extensa produção de temática religiosa, abordando, inclusive, as tradições de matriz africana: “A discussão das religiosidades segue como uma questão muito atual”.

Outro ponto que a diretora artística ressalta é que a pintura moderna brasileira é um território pouco explorado pelas novas gerações: “Contudo, não pretendemos pensar a Djanira apenas dentro do arco do modernismo brasileiro. Queremos mostrar uma certa contemporaneidade no trabalho dela, estimulando novas pesquisas. Nos interessa que o IPD funcione como um importante centro de referência em pesquisa, divulgação e leitura, tanto para um público especializado, quanto para o público em geral”, afirma Fernanda.

A realização de seminários e cursos, bem como de exposições com artistas selecionados pela curadoria do IPD, sempre estabelecendo diálogos com a produção de Djanira, também está em pauta.

Este projeto conta com o patrocínio do Itaú por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

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