Em abril, a Área de Educação do Instituto Moreira Salles lança a Escola Escuta, plataforma de formação em arte e cultura, constituída por cursos, workshops e residências artísticas, sempre gratuitos. As atividades são desenvolvidas em parceria com o Observatório de Favelas, por meio do programa Imagens do Povo, a Uniperiferias e o Coletivo Kambacua.
Com o objetivo de contribuir para a criação de processos culturais mais democráticos e diversos, a plataforma é voltada sobretudo para agentes culturais dos territórios populares do Rio de Janeiro. Neste ano, serão realizadas cinco formações em diferentes pontos da metrópole, além de uma exposição no parque Madureira, no bairro Honório Gurgel. A primeira ação é a residência Laboratório de imagens, em parceria com o programa Imagens do Povo, do Observatório das Favelas. As inscrições para a residência, destinada para pessoas iniciantes na fotografia, serão abertas no dia 15 de abril. (Saiba mais abaixo sobre cada formação prevista para este ano).
Para a diretora de educação do IMS, Renata Bittencourt, a Escola Escuta reforça o compromisso do IMS com a ampliação do acesso à cultura e valorização de olhares mais plurais para o campo da arte: “A Escola se articula a partir de protagonistas da cena artística que atuam fora das grandes instituições culturais e que trazem saberes e uma força criadora importante para fortalecer o campo. Por isso, nosso desejo de atuar com formação com e para esses produtores, curadores e artistas.”
A Escola Escuta é uma iniciativa em diálogo com o Escuta Festival, programação anual realizada pelo IMS, desde 2019, que reúne arte, ativismo e periferia. A edição deste ano contará, entre outras iniciativas, com um evento presencial em novembro.
Sobre as formações da Escola Escuta
Em sua 5ª edição, a residência Laboratório de imagens tem como objetivo o aprofundamento da pesquisa artística e prática fotográfica. Com duração de 4 meses, a formação é voltada para pessoas fotógrafas de origem ou moradoras de favelas e territórios populares da região metropolitana do Rio, em início de carreira. Os encontros acontecerão na sede administrativa do IMS, no Rio, e no Observatório de Favelas, estimulando trocas de experiências e reflexões entre a turma e interlocutores. Ao longo da formação, também serão feitas visitas a ateliês e exposições. Ao final da residência é organizado um ebook, com o intuito de contribuir na inserção dos residentes e suas produções no circuito artístico. Serão selecionados cinco participantes, que receberão bolsas de estudos. As inscrições vão de 15 de abril a 28 de abril e poderão ser feitas em breve, em link divulgado no site do IMS.
Também em parceria com o Observatório, o IMS promove uma série de encontros sobre montagem de portfólio fotográfico. A oficina será ministrada no formato online, em cinco encontros, entre abril e julho. Nas aulas, os participantes aprenderão a aperfeiçoar seus portfólios, com orientações de criação de narrativas e formatações. O primeiro encontro será aberto a todas as pessoas, e os demais necessitarão de inscrição prévia, que será divulgada posteriormente.
Entre junho e setembro, o IMS e o Observatório também promovem a série de encontros Inventários de si: fotografia e autorrepresentação. Partindo das ideias do autor Edward Said no livro Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente, as aulas abordarão a fotografia como ferramenta de autorrepresentação e combate aos mecanismos que aprisionam sujeitos e grupos identitários em estereótipos. As aulas serão abertas ao público, com lotação por ordem de chegada, ministradas no centro do Rio e na Maré, em locais a definir.
Outro destaque é o curso sobre preparação de obras de arte, realizado em conjunto com a Uniperiferias, na sede administrativa do IMS no Rio, em data a definir. Serão dez aulas ministradas por João Gabriel Reis Lemos, profissional do Núcleo de Preservação e Conservação do IMS, voltadas para profissionais da cultura. O curso terá 10 vagas, e os participantes serão selecionados a partir de um edital, também com foco em pessoas dos territórios populares da cidade.
No curso Arte, corpo e metrópole, também realizado em parceria com a Uniperiferias, os participantes serão convidados a experimentar vivências propostas pelo curador Osmar Paulino e por três artistas de diferentes localidades da metrópole fluminense, baseadas na conexão entre obra e território. O curso, cuja data será divulgada em breve, é voltado para artistas e curadores residentes ou de origem periférica, com aulas presenciais.
A programação deste ano da Escola Escuta inclui, ainda, a exposição Munguengue: o futuro é dos crias, em cartaz a partir de 25 de maio, no parque Madureira (Portão 8, Honório Gurgel – Espaço Multiuso). A iniciativa é resultado de uma parceria entre o Coletivo Kambacua e o IMS, iniciada em 2023. A mostra retoma a história do bairro de Honório, em oposição ao apagamento histórico e cultural imposto na região, reforçando como a arte produzida em contextos periféricos têm apontado novos futuros para esses territórios. Em abril, a prefeitura do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima, assinará um termo de cessão do Espaço Multiuso para o Coletivo Kambacua. Durante o período de cessão, o Instituto Moreira Salles continuará a parceria com o Coletivo por meio de ações de formação e apoio institucional à exposição.
As informações sobre datas, lançamentos de editais e novidades da Escola serão divulgadas constantemente no site do IMS.