A fotógrafa palestina Samar Abu Elouf foi a grande vencedora do World Press Photo 2025, mas o momento foi mais de emoção do que de celebração
A imagem premiada mostra Mahmoud Ajjour, um menino de Gaza que perdeu os dois braços em um ataque israelense quando tinha apenas nove anos. Hoje com dez, ele foi retratado por Samar com uma luz suave que entra pela janela do apartamento onde ambos vivem, agora em Doha. A foto, que lembra uma escultura clássica, revela a profundidade do olhar do garoto e expõe, com dignidade e dor, a tragédia que o atingiu. Samar, que também é mãe, disse: “Quando vejo Mahmoud, penso nele como se fosse meu filho.”
O prêmio deste ano marcou o 70º aniversário da competição, que recebeu mais de 59 mil imagens de quase 4 mil fotógrafos do mundo todo. Mas o destaque não ficou só na fotografia vencedora. A diretora da World Press Photo, Joumana El Zein Khoury, vem transformando o prêmio ao valorizar fotógrafos que pertencem às comunidades retratadas. “Como podíamos nos chamar de ‘World’ se a maioria dos vencedores era homem branco europeu ou americano?”, questionou ela. Desde que assumiu, há cinco anos, a premiação foi dividida em seis regiões do mundo e passou a priorizar olhares locais. O impacto foi direto: 80% dos finalistas no primeiro ano após a mudança eram moradores das regiões fotografadas.
A exposição com as fotos vencedoras está em cartaz até 21 de setembro na Nieuwe Kerk, em Amsterdã, e depois parte em turnê mundial. Entre as imagens estão grandes eventos do último ano, como a tentativa de assassinato de Donald Trump, o esgotamento da pesca no Lago Kivu e o impacto das guerras na Ucrânia e no Quênia. Além disso, uma mostra especial celebrando os 70 anos do prêmio será lançada em setembro, trazendo os momentos mais marcantes desde 1955 — um verdadeiro mergulho na evolução da fotografia e nas histórias que moldam nosso mundo.