Com estreias e artistas debutando seu trabalho na capital mexicana, galerias brasileiras marcam presença na ZⓈONAMACO, evento que promete agitar o Centro Citibanamex, entre os dias 8 e 12 de fevereiro, levando uma curadoria focada no fértil terreno da arte contemporânea do Brasil.

Com o apoio do projeto Latitude – Platform for Brazilian Art Galleries Abroad, uma parceria da Associação Brasileira de Arte Contemporânea (ABACT) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Bianca Boeckel Galeria, C.galeria, Galeria Karla Osorio, Marli Matsumoto Arte Contemporânea, Quadra, Simões de Assis e VERVE integram o grupo de mais de 200 galerias e expositores de 26 países, que compõem as quatro feiras da plataforma ZⓈONAMACO®: ZⓈONAMACO MÉXICO ARTE CONTEMPORÁNEO®, ZⓈONAMACO DISEÑO®, ZⓈONAMACO SALÓN DEL ANTICUARIO® e ZⓈONAMACO FOTO®.

Bianca Boeckel Galeria leva Andrea Rocco para sua primeira exposição individual no México. A artista apresenta pinturas, bordados, aquarelas e colagens que contemplam temas femininos. A relação entre mãe e filha, a relação da mulher com seu entorno e a forma que ela lida com suas questões são pesquisas recorrentes no trabalho da artista. As figuras retratadas por Andrea parecem ter saído de histórias infantis, mas a artista desmascara a pureza desses contos de fada e relaciona a energia feminina como suporte do mundo.

A C.galeria apresenta o projeto solo de Laura Villarosa. Intitulado como Impermanência, ele é composto por 10 trabalhos produzidos recentemente. Com pesquisa em torno do gênero da paisagem desenvolvida a partir do emprego de materiais tradicionais da pintura como pincéis, tintas e médiuns, mesclando-se a materiais como o bordado e a tapeçaria, a série faz menção aos fluxos de energia e de vida que perpassam os seres humanos, abrangendo estados cíclicos e de renovação da natureza. Elementos como a movimentação dos rios, das marés e do florescimento de árvores apontam tais aspectos em sua produção.

A Galeria Karla Osorio reúne os artistas Almandrade, Daisy Xavier e Rodrigo Garcia Dutra, cujas poéticas exploram o fértil terreno da arte contemporânea para a investigação de múltiplas linguagens. Trajetórias e gerações distintas, em reflexão sobre o tempo, a memória, a poesia e a geometria.

A obra feminina e potente de Daisy Xavier é o eixo e o ponto de partida de um diálogo denso que se formalizará em obras de escalas e linguagens distintas. Sua obra escultórica e flexível, com redes, trama, marcas do tempo, que recentemente incorpora cores pulsantes, abrirá caminho para geometria poética-política de Almandrade e para a geometria sagrada-sensível de Rodrigo.

Marli Matsumoto Arte Contemporânea, inaugurada em agosto de 2021, participa pela primeira vez do evento, com uma apresentação solo de obras recentes e inéditas da artista trans Élle de Bernardini (Itaqui, 1991) e mostrará em torno de 15 trabalhos das séries “Moles”, “Formas Contrasexuais”, “Peludinhos” e “Os Cortes”.

A artista tem formação em ballet clássico pela Royal Academy of Dance de Londres e sua produção é permeada por sua biografia. Suas obras abordam a intersecção entre, questões de gênero, sexualidade, política e identidade com a história da humanidade e da arte. Seu trabalho vem sendo exposto em várias instituições no Brasil e suas obras integram importantes coleções públicas pelo Brasil e em Paris.

Em sua primeira participação na ZⓈONAMACO, a Quadra apresenta obras da artista Carla Santana, em stand compartilhado com a Marli Matsumoto Arte Contemporânea. Carla apresenta sua produção mais recente de pinturas e desenhos, onde explora a argila e pigmentos naturais como principal meio de externalizar e investigar as relações sutis entre o corpo-subjetivo e o corpo-social.

O espaço da Simões de Assis Galeria de Arte é uma parceria com a galeria Proyectos Monclova, sediada na Cidade do México. A seleção dirige seu olhar tanto para a arte moderna quanto à contemporânea, desenvolvendo um cuidadoso diálogo entre artistas brasileiros e de diferentes países da América Latina. Entre os paralelos estabelecidos ao parear nomes consolidados em diálogo com artistas mais jovens, o estande traz obras de Gabriel de la Mora e Abraham Palatnik, Juan Parada e Edgar Orlaineta, Ángela Gurría e Sérgio Camargo, Alfredo Volpi e Fernando García Ponci, entre outros. O resultado deste trabalho é uma seleção ampla e diversificada, que estabelece diálogos transgeracionais e organiza a apresentação para a feira a partir de diferentes linguagens, suportes e expressões estéticas.

Já a VERVE apresenta um diálogo entre os trabalhos dos artistas Daniel Acosta e Pablo Ravina. Segundo Agnaldo Farias, “O ponto nodal da poética de Daniel Acosta reside em problematizar o modo complacente como nos relacionamos com as representações do que cada um de seus trabalhos – fotografia, desenho, escultura, instalação – uma crítica à memória dessas relações que impregnam nossos músculos e mentes, orienta gestos, limita o espectro da percepção, não deixam perceber que as coisas não se desenredam nas suas aparências , não se esgotam naquilo que se vê de imediato, não são menos fenômenos de superfície”.

Já a obra de Pablo Ravina transita confortavelmente por diferentes temas, desde análises históricas, políticas, identitárias de memória, até preocupações com as práticas artísticas contemporâneas, o papel do artista, o do mercado, suas configurações, alcances e responsabilidades, todos eles movidos pela intenção de documentar o nosso tempo