Uma das esculturas públicas mais emblemáticas de Nova York, o “Charging Bull”, foi alvo de uma intervenção simbólica nesta terça-feira (22), durante o Dia da Terra. A ação, promovida pelo coletivo ambientalista Extinction Rebellion, instalou nas costas do touro uma representação de fezes feita de tecido, que desabava sobre uma imagem do planeta Terra. Segundo os manifestantes, a performance visava denunciar a conivência de Wall Street com a degradação ambiental. Com o lema “Greed = Death” (“Ganância é morte”), inscrito em tinta lavável, o protesto começou por volta das 8h30 e foi dispersado pacificamente cerca de meia hora depois, sem prisões.
A manifestação acontece em meio a retrocessos nas políticas ambientais dos Estados Unidos e a possíveis medidas contra organizações consideradas em oposição ao atual governo. Além de expor a crítica ao sistema financeiro, os ativistas também evocaram a memória dos protestos do Occupy Wall Street de 2011, ocorridos no mesmo local, quando a escultura precisou ser cercada por barricadas e monitorada continuamente para evitar vandalismo. Com cartazes estampando frases como “No Profits On A Dead Planet” (“Sem lucros num planeta morto”), o ato também destacou o abismo de emissões de carbono entre os mais ricos e os mais pobres, citando dados da Oxfam que apontam que o 1% mais rico da população mundial emite mais carbono que os 66% mais pobres.
A intervenção gerou reações variadas entre os pedestres: alguns se mostraram curiosos, tirando fotos e até posando com as bandeiras dos manifestantes, enquanto outros se incomodaram com a presença do protesto diante do ponto turístico. Ao lado de outras ações realizadas no centro financeiro da cidade, o protesto marca mais um episódio de arte-engajada e ativismo visual em espaço público.