Uma suposta estatueta megalítica da Idade do Bronze, atribuída à Córsega, foi vendida em um leilão em Londres pela casa Lyon & Turnbull por cerca de 22.500 euros. Apresentada como uma relíquia arqueológica do final do terceiro milênio a.C., a peça chamou a atenção por sua semelhança com as icônicas estelas do sítio de Filitosa, um dos mais importantes da ilha. No entanto, especialistas insulares rapidamente questionaram sua autenticidade, levando a coletividade territorial da Córsega e a Direção Regional de Assuntos Culturais (DRAC) a conduzirem uma investigação sobre a peça, com alerta às autoridades de combate ao tráfico de bens culturais.
Segundo o periódico Corse Matin, apesar de sua venda ter sido respaldada por certificados da Associação Internacional de Comerciantes de Arte Antiga (IADAA) e pela verificação no Art Loss Register e na base de dados da Interpol, análises técnicas apontaram inconsistências visíveis na escultura. O arqueólogo Franck Leandri, especialista em megalitismo corso, destacou que o acabamento grosseiro, os traços faciais rudimentares e a ausência de elementos típicos das verdadeiras estátuas-menires confirmam que se trata de uma reprodução moderna. A conselheira de patrimônio e cultura da Córsega, Anne-Laure Santucci, reforçou que o estudo de historiadores locais não deixou dúvidas sobre a falsificação, e que a casa de leilões francesa Drouot, que divulgou a venda no país, jamais forneceu um certificado de autenticidade para a peça.
O caso levanta preocupações sobre a circulação de falsificações no mercado de arte, especialmente no segmento de antiguidades. A Lyon & Turnbull informou que a peça estava no comércio europeu desde os anos 1970, tendo passado por colecionadores na Alemanha, Holanda e Espanha antes de ser leiloada no Reino Unido. No entanto, a investigação e o parecer dos especialistas questionam não apenas a veracidade da peça, mas também os mecanismos de certificação que permitiram sua comercialização. Para os estudiosos da arte e da arqueologia, o episódio reforça a necessidade de um olhar mais criterioso sobre a origem e autenticidade de obras vendidas no circuito internacional.