“O espaço que me interessa não é apenas físico, mas intangível, metafórico e psicológico”, diz. Parte de sua célebre série Hubs, a obra “Hub-1” (2018) recria o hall de entrada da casa de infância de Suh em Seul. A instalação explora os intermediários. Neste caso, as áreas que habitamos antes de entrar ou sair de outro espaço. A recriação expõe as ligações borradas entre o exterior e o interior e entre o público e o privado. Suh descreve essa série de obras facilmente transportáveis como mecanismos de sobrevivência que o ajudam a transportar ideias aonde quer que vá. A escolha de uma única cor e a transparência do tecido atuam como consciência da memória. Apesar da precisão arquitetônica, a sensação de quem está caminhando pelo “Hub-1” é que a memória não são apenas sentidos, mas sensações.
Em sua série “Rubbing / Loving” (2016), Suh, após embrulhar completamente seu apartamento em Londres em papel, esfrega um lápis para obter um desenho preciso. Desse modo, uma reconstrução é apresentada a uma distância que pode parecer um desenho e, à medida que nos aproximamos, assume uma tridimensionalidade imaginária. “Rubbing / Loving” é uma obra que nos incentiva a ver além da materialização do espaço. Graças ao trabalho insaciável de detalhes, a cor escurece nas maçanetas e puxadores, que testemunham uma vida vivida. As variabilidades de cores afirmam a ação dos objetos como recipientes de memórias.
Onde termina a individualidade e quando começa? Isso é o que Suh parece questionar em suas aquarelas de mídia mista mais recentes da série Undressing (2019, 2020) e Dreaming Home (2019). No primeiro, observa-se uma figura antropomórfica solitária com uma peculiaridade. O ser contém uma extensão muito maior de seu corpo que se estende para o interior de uma casa. Nesta obra, e como em Family Cuddle (2020), Suh volta a refletir sobre os limites de uma memória arquitetônica pessoal e, desprovida de um olhar nostálgico, sobre os vínculos com a sociedade. Em sua assombrosa série Karma, isso é explorado em relação ao outro. Aquele que observa e é observado. Como eles nos veem? Como os vemos? A escultura, que combina verticalmente múltiplas faces, é uma busca de autopercepção, talvez do próprio artista, na sociedade contemporânea.
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Fonte: Arte Al Día