Um desenho atribuído ao modernista italiano Amedeo Modigliani estava prestes a ser vendido por 300 mil euros (320 mil dólares) quando foi denunciado como falso pela Unidade de Proteção do Patrimônio Cultural de Veneza.
A obra despertou suspeitas imediatas quando foi submetida ao escritório de exportação local em Veneza em 2022 para ser aprovada para um Certificado de Livre Circulação que lhe permitiria atravessar fronteiras internacionais. A empresa por trás do aplicativo descreveu o desenho como Sem título (1913), mas poucas informações foram fornecidas sobre sua procedência, mesmo mediante solicitação. Foi atribuído o valor de € 300.000 (US$ 320.000).
De acordo com um comunicado de imprensa emitido pelo Ministério da Cultura italiano, os historiadores da arte que trabalham para a Comissão de Exportação, bem como os estudiosos da Galleria dell’Accademia em Roma e da Scuola Normale Superiore em Pisa concordaram que a composição correspondia a um desenho de Modigliani de sua série “cariátides” produzida entre 1912–14 e doada ao Museu de Arte da Filadélfia em 1943.
No entanto, face a esta obra conhecida, o seu estilo e grau de realização técnica “suscitaram muitas dúvidas”, segundo o comunicado de imprensa.
Em julho de 2022, o questionável trabalho foi repassado ao Comando Carabineri para a Proteção do Patrimônio Cultural, também conhecido como TPC Carabinieri, unidade dedicada ao combate a crimes relacionados à arte e antiguidades. Foi lançada uma investigação no âmbito do Ministério Público de Veneza; a obra foi apreendida pelos Carabinieri TPC e atribuída a uma galeria de arte em Abruzzo, que tentava vender a obra em nome de uma pessoa da mesma região no sul de Itália. Este homem aparentemente recebeu o desenho de seu pai adotivo, que o comprou em outra galeria local, hoje extinta.
O caso foi encaminhado ao Laboratório de Falsificações da Universidade Roma Tre, que analisou a obra e a declarou falsa em janeiro de 2023. Isso levou os Carabinieri a investigar a “hipótese de responsabilidade criminal contra uma pessoa denunciada por colocar em circulação uma obra de arte falsificada”. O resultado desta investigação ainda não foi anunciado.
Em fevereiro de 2024, o Tribunal de Veneza ordenou oficialmente que o desenho fosse confiscado e entregue permanentemente ao Laboratório de Falsificações de Roma.
