Durante uma visita ao espaço de armazenamento acessível ao público do Museu Boijmans Van Beuningen, em Roterdã, uma criança danificou a pintura Grey, Orange on Maroon, No. 8, de Mark Rothko — obra avaliada em cerca de 50 milhões de euros. A tela, criada em 1960 e pertencente ao acervo do museu desde os anos 1970, apresentava riscos superficiais em sua parte inferior, visíveis na camada de tinta não envernizada. A instituição declarou que está avaliando os próximos passos para a restauração da obra, consultando especialistas nacionais e internacionais em conservação.
De acordo com conservadores ouvidos pela imprensa britânica, a técnica característica de Rothko — grandes campos de cor chapada e ausência de verniz protetor — torna suas obras especialmente vulneráveis a danos, mesmo que mínimos. A recuperação exigirá atenção minuciosa, considerando a complexidade dos materiais utilizados pelo artista. O museu ainda não se pronunciou sobre possíveis responsabilidades civis, mas, segundo especialistas em seguros de arte, danos acidentais causados por visitantes, inclusive crianças, costumam estar cobertos pelas apólices especializadas, com exclusões específicas.
Este não é o primeiro episódio de dano a obras de Rothko em museus. Em 2012, um exemplar da série Black on Maroon, exposto na Tate Modern, foi intencionalmente vandalizado, resultando em uma restauração que durou 18 meses e custou cerca de 200 mil libras. O incidente mais recente fomenta o debate sobre a segurança de obras icônicas em ambientes de visitação pública, especialmente em exposições que propõem maior aproximação entre público e acervo. O museu holandês, que já cobrou reparações de visitantes em episódios anteriores, reafirma que incidentes como esse, embora infelizes, fazem parte do risco inerente à democratização do acesso à arte.