Após cortar centenas de bolsas destinadas a bibliotecas, museus e instituições culturais, a National Endowment for the Humanities (NEH) abriu um novo e controverso edital: a seleção de escultores para criar estátuas monumentais destinadas ao “National Garden of American Heroes”, projeto idealizado por Donald Trump durante seu mandato anterior. A chamada pública propõe a criação de estátuas de até US$ 200 mil cada, retratando nomes variados da história dos Estados Unidos — entre eles Martin Luther King Jr., Antonin Scalia, Steve Jobs, Helen Keller e o treinador Vince Lombardi — todos listados em um rol de 250 personalidades escolhido pessoalmente pelo presidente.
A medida despertou críticas contundentes de funcionários e sindicatos ligados ao NEH. De acordo com o American Federation of Government Employees (AFGE), mais de 60% da equipe da agência foi demitida e cerca de mil subsídios foram cancelados para redirecionar recursos ao projeto. A soma de US$ 34 milhões, em conjunto com a National Endowment for the Arts (NEA), será investida na construção do parque escultórico, cuja proposta remonta a 2020, durante as comemorações do 250º aniversário da nação. Embora o plano tenha sido arquivado com a chegada de Biden, um novo decreto presidencial assinado por Trump, poucos dias após sua volta ao cargo, reativou a iniciativa.
Segundo porta-voz do sindicato, o uso da agência para promover uma “marca de patriotismo” baseada em revisionismo histórico transforma uma instituição dedicada à preservação cultural em ferramenta de propaganda. Obras serão feitas em mármore, bronze ou cobre e, conforme o edital, deverão “exaltar os feitos excepcionais da história americana”. Para o sindicato, a decisão de abandonar projetos que promoviam a educação cívica e restauravam documentos históricos em favor de homenagens encomendadas às pressas representa um retrocesso institucional. “Os americanos merecem mais do que um monumento vazio”, declarou o AFGE ao site Hyperallergic.