Começaram a pipocar as programações de exposições para 2025 nas principais instituições culturais pelo Brasil e você confere aqui, em primeira mão:
IMS PAULISTA
Zanele Muholi (título provisório)
De 22 de fevereiro a 15 de junho de 2025
Exposição retrospectiva de Zanele Muholi (1972, Umlazi, África do Sul), um dos nomes mais aclamados da fotografia contemporânea. Desde o início dos anos 2000, Muholi, que se define como ativista visual, documenta a vida da comunidade negra LGBTQIAPN+ na África do Sul e no mundo. Com curadoria de Daniele Queiroz, Thyago Nogueira e Ana Vitório (curadora-adjunta), a exposição reunirá suas principais séries fotográficas, especialmente Faces and Phases (extenso mapeamento de pessoas lésbicas, bissexuais, não binárias e transmasculinas feito desde 2006, hoje com centenas de fotos), Somnyama Ngomyama (autorretratos que tratam de temas como racismo, trabalho, eurocentrismo e sexualidade), Brave Beauties e trabalhos inéditos produzidos no Brasil.
Luiz Braga – Arquipélago imaginário
De 12 de abril a 31 de agosto de 2025
A exposição com curadoria de Bitu Cassundé e assistência de Maria Luiza Meneses apresenta uma seleção com cerca de 250 fotografias realizadas ao longo de 50 anos de trajetória do fotógrafo paraense. A partir do arquivo do artista, o recorte não linear de imagens delineia a dimensão do imaginário sensível e ficcional de Luiz Braga (Belém, PA, 1956) sobre o território amazônico, principal interesse em sua produção. O título da mostra se refere ao chamado arquipélago do Marajó, maior arquipélago fluviomarítimo do mundo, formado por mais de 2.500 ilhas no estado do Pará, que inclui a capital Belém e a Ilha do Marajó, lugares registrados por Braga. Ao escolher a terra natal como campo poético de investigação de imagem e vida, ao longo das décadas o fotógrafo elabora operações relacionais de aproximação e convívio com as pessoas e lugares registrados. O resultado é uma produção intensa, carregada de intimidade e cuidado com os sujeitos e ambientes, que compreende aspectos de uma Amazônia múltipla.
Gente de verdade: uma história visual do povo Paiter Suruí (título provisório)
De 26 de julho a 2 de novembro de 2025
A exposição narra a trajetória e o cotidiano do povo indígena Paiter Suruí, de Rondônia, por meio de imagens históricas e contemporâneas produzidas em sua maioria pelos próprios Paiter Suruí e organizadas pelo Coletivo Lakapoy. Contactados oficialmente pela Funai em 1969, os Paiter Suruí resistiram a invasões, doenças e omissão governamental até obterem a homologação de seu território, em 1983. Com um modo de vida que respeita a floresta amazônica, mas profundamente transformado desde o contato com a sociedade não indígena, os Paiter Suruí seguem lutando para garantir a integridade de seu território e proteger seu povo da invasão de terras, da mineração ilegal, do extrativismo predatório e da pecuária. A exposição Gente de verdade reunirá fotografias feitas pelos Paiter Suruí desde que as primeiras câmeras chegaram ao território nos anos 1970, pelas mãos de missionários evangélicos. Com interesse pelas imagens, os próprios Paiter Suruí logo começaram a fotografar seu dia a dia, incluindo os novos ritos sociais e religiosos, como aniversários, casamentos e batizados. Esse arquivo fotográfico, disperso em acervos familiares nas aldeias, corria o risco de desaparecer em razão da conservação precária, até ser reunido e digitalizado pela primeira vez pelo Coletivo Lakapoy, criado em 2022 por jovens Paiter Suruí e que reúne hoje indígenas e não indígenas. A exposição, que tem curadoria de Thyago Nogueira e Txai Suruí, e Lahayda Mamani Poma Dreger como curadora assistente, também incluirá fotografias recentes feitas pelos Paiter Suruí com câmeras descartáveis e retratos tirados por Ubiratan Suruí, o primeiro fotógrafo profissional do povo, além de vídeos de influencers, entrevistas e depoimentos que permitam narrar em novos termos a história e a vida contemporânea dos Paiter Suruí.
Gordon Parks: América
De 4 de outubro de 2025 a 1 de março de 2026
Com curadoria de Janaina Damasceno e Iliriana Rodrigues, a exposição reúne cerca de 200 imagens, constituindo-se na maior retrospectiva de Gordon Parks (1912-2006) na América Latina. Nascido em Fort Scott, Kansas, Parks sofreu na carne a experiência de ser uma pessoa negra durante o regime da segregação racial nos Estados Unidos. Sua vasta obra documenta desde a vida cotidiana de pessoas negras em estados segregados até a luta organizada do movimento negro norte-americano contra a segregação e o racismo. Na série Fort Scott, ele empreende um retorno a sua terra natal, onde conversa com ex-colegas de classe; em outra série, mostra a importância da Igreja Negra nos Estados Unidos como lugar de construção de uma comunidade. Suas séries biográficas, como a de Malcom X ou Muhammad Ali, oferecem uma visão profunda das trajetórias pessoais de algumas das principais personalidades negras do século XX. Desde que chegou em Nova York, na década de 1940, Parks, registrou diversas vezes o Harlem, o bairro negro mais famoso dos Estados Unidos, em imagens que entraram para a história da fotografia. Além de fotógrafo, Parks foi músico e cineasta. É dele a direção de Shaft (1971), o principal filme da Blaxplotation, gênero cinematográfico que reivindica o protagonismo negro no cinema norte-americano. Até hoje o trabalho de Parks influencia artistas das mais diversas áreas, como o rapper Kendrick Lamar em seu videoclipe Element, ou os fotógrafos Mickalene Thomas, LaToya Ruby Frazier, Ming Smith, Zanele Muholi, Jamel Shabazz e Devin Allen. A luz e a cor do trabalho de Parks inspiraram também a fotografia de Walter Firmo e séries de canais de streaming, como Lovecraft Country. A exposição é um reencontro com a história negra americana, mas também com um dos mais importantes fotógrafos do século XX, aquele que melhor documentou como a dignidade, o autocuidado e a beleza se tornaram formas de resistir a um sistema que desejava o aniquilamento de pessoas negras. A mostra é feita em parceria com a Fundação Gordon Parks.
Agnès Varda fotógrafa
De 29 de novembro de 2025 a 12 de abril de 2026
A exposição Agnès Varda fotógrafa apresentará pela primeira vez no Brasil um panorama da produção fotográfica da cineasta belga radicada na França Agnès Varda (1928-2019). Com curadoria de João Fernandes e Rosalie Varda, filha da fotógrafa, e assistência de curadoria de Horrana de Kássia Santoz, a mostra reunirá uma seleção de cerca de 200 imagens que retratam o olhar solidário e curioso de Varda, evidenciado em suas séries de fotografias produzidas em viagens pelo mundo, de Portugal à China, de Cuba à Califórnia. Suas fotografias revelam compromisso com uma visão emancipatória das pessoas e do mundo, no contexto das mudanças históricas ocorridas na segunda metade do século XX, destacando a identidade e o papel das mulheres, numa profunda empatia com as suas vidas e lutas. A exposição cruzará a fotografia de Varda com trechos dos seus filmes onde a fotografia é matéria ou tema do seu trabalho cinematográfico.
CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL – SÃO PAULO 2025
Indomináveis Presenças (05/fev a 07/abr de 2025)
A exposição “Indomináveis Presenças” é uma celebração do imaginário que emana desde as comunidades negras indígenas queer, de suas corporeidades, territorialidades, afetos e símbolos. O projeto pretende rastrear o que há de incontornável em uma pluralidade de perspectivas que desafiam o olhar colonial, através das obras de 16 artistas visuais contemporâneos brasileiros. Curadoria: Luana Kayodè e Cíntia Guedes (curadora convidada)
Vetores-Vertentes: Fotógrafas do Pará (12/mar a 05/mai de 2025)
A exposição “Vetores-Vertentes: Fotógrafas do Pará” apresenta fotógrafas artistas da Amazônia Brasileira, representantes de mais de quarenta anos de produção fotográfica da região Norte do Brasil. A mostra baseia-se em recorte com resultados ampliados da tese de Doutorado em Artes (2018, UnB) de autoria da pesquisadora e curadora Sissa Aneleh. Com recorte curatorial decolonial pautado nas questões de gênero e regionalismo, apresenta cerca de 200 obras contando com fotografias, foto-objetos, instalações fotográficas com vídeos, fotonovelas, jornais fotográficos e áudios com recorte da produção feminina a partir da década de 1980 até a década de 2020. O projeto expositivo oferta ainda vivências ambientais e tecnologias emergentes, levando os visitantes para experiências com imersão sensorial-espacial e interatividade usando realidade virtual (VR), realidade expandida/mista (XR) e realidade aumentada (AR) de última geração. Além de interação com cenários que plasmam a cultura material amazônica e paraense registrada pelas lentes das fotógrafas.
Fullgás – Arte e Brasil nos anos 80 (28/mai a 04/ago de 2025)
Nas artes visuais, a Geração 80 ficou marcada pela icônica mostra “Como vai você, Geração 80?”, realizada no Parque Lage em 1984. “Fullgás” dialoga com essa mostra e traz algumas obras que lá estiveram, mas amplia a reflexão trazendo para o centro do processo artistas de fora do eixo Rio–São Paulo e que também estavam produzindo na época. Entre os nomes presentes na exposição estão Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Daniel Senise, Leonilson, Luiz Zerbini, Leda Catunda, entre outros. Adicionalmente às obras de arte, a mostra inclui elementos da cultura visual da década de 1980, como revistas, panfletos, capas de discos e objetos que fazem parte da formação desta geração. Curadoria geral: Raphael Fonseca. Curadoria adjunta: Amanda Tavares, Tálisson Melo.
EXPOSIÇÕES E OCUPAÇÕES – ITAÚ CULTURAL
JANEIRO A AGOSTO 2025
MARÇO
Carlos Zilio – A Querela do Brasil
A exposição ocupará três pisos do Itaú Cultural, em uma retrospectiva do artista plástico Carlos Zilio, que, em sua produção, aborda a relação entre arte e contexto social no Brasil desde os anos 1960. O espaço expositivo abrigará pinturas, desenhos, objetos, instalações, vídeos e materiais documentais que refletem a complexidade da trajetória de Zilio, destacando sua crítica ao período de regime militar no Brasil e sua evolução artística em resposta às mudanças políticas e sociais.
Concepção e realização: Itaú Cultural
Curadoria: Paulo Miyada
Período: março a julho de 2025
ABRIL
Ocupação Ana Mae Barbosa
A mostra homenageia a professora, arte-educadora, gestora cultural e pesquisadora Ana Mae Barbosa, nome primordial para entender a importância da arte na educação e na produção de conhecimento. Primeira doutora no campo da arte-educação no Brasil, desenvolveu, influenciada pelo educador Paulo Freire, a abordagem triangular para o ensino de artes, concepção sustentada sobre a contextualização histórica, a apreciação da obra e o fazer artístico, que se tornou referência para práticas educativas e políticas públicas no país e ao redor do mundo. Em 2017, Barbosa recebeu o Prêmio Itaú Cultural 30 Anos.
Concepção e realização: Itaú Cultural
Curadoria: Clarissa Diniz
Período: abril a julho de 2025
MAIO
Ocupação Palavra Cantada
Em 2025, o Itaú Cultural celebra a trajetória da dupla musical Palavra Cantada, formada por Paulo Tatit e Sandra Peres. A exposição ganha corpo explorando a concepção do projeto, da música e da teatralidade da dupla, o trabalho com o universo infantil, a pesquisa e a experimentação musical e as parcerias ao longo do tempo.
Concepção e realização: Itaú Cultural
Período: maio a agosto de 2025
AGOSTO
Ocupação Ailton Krenak
Ailton Krenak é a primeira personalidade indígena homenageada no programa Ocupação Itaú Cultural. Escritor, ambientalista e líder indígena, de origem do povo Krenak, suas pesquisas e atuação vão de encontro com a luta dos povos indígenas e questões ambientalistas. Suas obras literárias abordam a relação dos homens com a natureza e os desastres ambientais causados pelo modo de viver e produzir, desconectados de sua preservação.
Concepção e realização: Itaú Cultural
Período: agosto a novembro de 2025
Rivane Neuenschwander – Susto (nome provisório)
Rivane Neuenschwander, artista de renome nacional e internacional, ganha uma exposição de três andares no Itaú Cultural no começo do segundo semestre. Suas obras apresentam percepções sobre o cotidiano, usando materiais comuns – como plástico, casca, cabelo e poeira – para construir narrativas sobre linguagem, natureza e temporalidade. Sua pesquisa se aprofunda no sonho e em seus aspectos psíquicos e sociais. A exposição abrigará instalações, vídeos, objetos, fotografias e pinturas, entre outros suportes.
Concepção e realização: Itaú Cultural
Curadoria: Fabiana Moraes
Período: agosto a novembro de 2025