O Centro Cultural Banco do Brasil Brasília inaugurou a exposição “Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak”, mostra idealizada pelo Instituto Tomie Ohtake, de São Paulo. Com curadoria de Ailton Krenak e curadoria adjunta de Angela Pappiani, Eliza Otsuka e Priscyla Gomes, a exposição apresenta 120 fotografias inéditas no Brasil do premiado fotógrafo japonês Hiromi Nagakura, realizadas em viagens com Krenak, principalmente pelo território amazônico, entre 1993 e 1998.
A mostra, com entrada gratuita, ficará em cartaz na Galeria 01 do CCBB Brasília até o dia 18 de agosto, de terça a domingo, das 9h às 21h, sendo a entrada na galeria até às 20h40.
O público poderá participar de conversas entre o curador e lideranças indígenas de diversas etnias, realizadas em torno da exposição, além de vivências e de uma oficina de trançado buriti com lideranças Xavante.
PERCURSO DA EXPOSIÇÃO
A exposição está dividida nos dois andares da Galeria 1 onde, logo na entrada, o visitante será recebido por cantos tradicionais das etnias representadas na exposição e visitadas por Nagakura e Krenak, com imagens que remetem à floresta e ao cerrado. Registros da vida nas aldeias, interação entre os membros das comunidades, rituais e costumes, levam a uma imersão nos povos da floresta, Huni Kuin, Yawanawá, Ashaninka e Yanomami. Objetos de uso típico ou ritual poderão ser manuseados pelo público e terão audiodescrição. Os povos do cerrado, Krikati, Gavião e Xavante também foram fotografados e terão um espaço dedicado a eles e, em especial, às crianças.
A mostra conta ainda com registros em vídeos, que apresentam o trabalho de Nagakura em viagens por outros continentes, cenários de conflitos mundiais e rituais e celebrações típicas de povos ao redor do mundo, e outro, intitulado “Conversa na Rede”, produzido pelo Ciclo Selvagem, que apresenta um encontro entre Nagakura e Ailton que juntos recontam trechos da viagem e aprofundam suas conversas sobre a floresta, a fotografia e o mundo.
VIAGENS AO LONGO DE CINCO ANOS
As viagens de Nagakura e Krenak levaram quase cinco anos, de 1993 a 1998, dezenas de horas, sempre na companhia da produtora e intérprete Eliza Otsuka.
A exposição, acompanhada dos encontros, é o resultado de uma “união de esforços para fazer uma celebração em torno dessa amizade alimentada pelo sonho e beleza da obra do fotógrafo Hiromi Nagakura”, diz Ailton Krenak.
Segundo Krenak, a mostra traz algumas das belas imagens das viagens às aldeias e comunidades na Amazônia brasileira. “Momentos de intimidade e contentamento entre ‘amigos para sempre’ inspiraram esta mostra fotográfica mediada por encontros com algumas das pessoas queridas que nos receberam em suas cozinhas e canoas, suas praias de rios e nas aldeias: Ashaninka, Xavante, Krikati, Gavião, Yawanawá, Huni Kuin e comunidades ribeirinhas no Rio Juruá e região do lavrado em Roraima”, destaca o curador. As viagens alcançaram os estados do Acre, Roraima, Mato Grosso, Maranhão, São Paulo e Amazonas. A aproximação entre Krenak e Nagakura começou numa conversa, sentados em esteiras, na sede da Aliança dos Povos da Floresta, no bairro do Butantã, em São Paulo, onde se conheceram, quando Eliza Otsuka apresentou o plano de viagens de Nagakura. “Ela [Eliza] resumiu com estas palavras o conceito todo do projeto para alguns anos dali para frente: ele vai ser a sua sombra por onde você for, quando estiver dormindo e quando estiver acordado”, recorda-se Krenak. Esta história toda está reunida em um dos livros escrito em nihongo, publicado pela editora Tokuma (Tóquio, 1998), intitulado “Assim como os rios, assim como os pássaros: uma viagem com o filósofo da floresta, Ailton Krenak”, assumido por Krenak como a sua biografia feita por Hiromi Nagakura.