Caso de autenticidade da controversa tela de Tarsila do Amaral continua rendendo muito burburinho na cena cultural
Após a Dasartes publicar ontem, dia 21 de agosto, todos os detalhes e uma linha do tempo sobre o imbróglio familiar que envolve uma perícia técnica para avaliar a autenticidade de uma pintura da artista modernista, a redação recebeu de representantes da Tarsila S/A um novo pronunciamento intitulado Nota Pública Tarsila S.A.
Antes, esclarecemos a separação dos familiares da artista em dois grupos que disputam o caso, para melhor compreensão:
Grupo Tarsila S/A, empresa representada por Paola Montenegro – sobrinha bisneta de Tarsila do Amaral. Representa 57 herdeiros da família e emitiu laudo de autenticidade da obra Paisagem 1925. Inclui também o leiloeiro e especialista em arte Douglas Quintale, profissional responsável pela perícia.
Grupo Tarsilinha do Amaral, liderado pela sobrinha neta de Tarsila do Amaral e incluindo mais 27 descendentes que representam 1/3 dos herdeiros e que não aprovam a certificação da obra. Também são apoiados pela AGAB (Associação das Galerias de Arte do Brasil), grupo de 15 importantes galerias de arte do mercado secundário.
Segundo a carta, datada do dia de hoje, 22 de agosto de 2024, pelo Grupo Tarsila S.A., o objetivo é “esclarecer que a certificação de autenticidade da obra Paisagem 1925, em nenhum momento comprometeu o legado da artista. Pelo contrário, ampliou e enriqueceu sua coleção com a inclusão de mais um quadro, com reflexos importantes para o patrimônio cultural brasileiro, definidor das características da artista.”
A nota ainda menciona que empresa Tarsila S/A foi constituída em 12 de abril de 2001 e que, desde então, sempre representou os interesses dos herdeiros da artista e que uma de suas principais missões é a preservação do legado artístico de Tarsila do Amaral, evitando a exploração indevida de suas obras.
Ainda, em resposta à nota emitida ontem, 21 de agosto, pelo Grupo Tarsilinha de herdeiros, o Grupo Tarsila S.A. informa que “É incontestável que a Tarsila S/A tem justo direito de certificar a autenticidade das obras da pintora Tarsila do Amaral; assim como promover uma nova catalogação de suas obras; enquanto a carta recém-divulgada de alguns herdeiros apenas expressa o descontentamento com a modernização em curso na empresa e semeia o descrédito sobre esse valioso patrimônio cultural.”
Também foi dito que referente a menção do Grupo Tarsilinha a respeito do Catálogo Raisonné e seu colegiado, que o mesmo foi dissolvido pela atual diretoria em 11 de abril de 2024, conforme notificação encaminhada às antigas integrantes do conselho: Aracy Abreu Amaral, Regina Teixeira de Ramos e Tarsila do Amaral (Tarsilinha). E ainda que há um proposta atual que envolve um projeto de modernização do legado de Tarsila do Amaral, que expresse de forma mais ampla e democrática seu gênio artístico.
Por fim, o comunicado endossa mais uma vez o laudo técnico pelo perito Douglas Quintale, da Tarsila S/A, que também atua junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo. “O processo é técnico-científico e contou com apoio de equipamentos de última geração da Universidade de São Paulo e do Laboratório Móvel de Análise de Obras de Arte do Instituto Federal do Rio de Janeiro da Universidade Federal Fluminense.”
E para finalizar o comunicado, afirma que a carta emitida pelo grupo Tarsilinha e AGAB “está eivada de desinformações, dando a entender que não podem ser inseridas no catálogo raisonné novas obras de Tarsila do Amaral que vierem a público. Essa afirmativa desconhece a efetiva função de um catálogo raisonné, que é de promover o inventário mais completo possível da obra de um mesmo artista, trazendo sua história, dados da criação, técnicas utilizadas, propriedade etc.“