Segundo o site de notícias The Art Newspaper, quando a 35ª edição da Bienal de São Paulo foi aberta ao público na semana passada, os organizadores foram forçados a bloquear o acesso do público a parte do Parliament of Ghosts (2023), de Ibrahim Mahama, depois que uma criança sem supervisão tropeçou em parte da instalação e quebrou o braço.
Peça central desta edição da bienal, a extensa instalação foi apresentada pela primeira vez no Festival Internacional de Manchester em 2019, onde foi recebida com elogios da crítica. O artista ganense explica que a peça combina escultura com elementos de infraestrutura abandonada em Gana para considerar as influências duradouras do colonialismo no país.
O acidente aconteceu quando a criança caminhava sobre um trilho de trem que é um dos principais componentes da obra. A linha foi recuperada da Companhia Ferroviária de Gana, construída na década de 1950, enquanto engenheiros – principalmente do Bloco Oriental – trabalhavam para expandir a influência da União Soviética na África Ocidental. Mahama obteve esta peça após anos de negociações com autoridades ganenses.
A instalação é a primeira obra que o visitante encontra ao entrar no Pavilhão Ciccillo Matarazzo. Anteriormente, os visitantes podiam tocar e interagir com a obra.
A decisão de restringir o acesso à ferrovia foi tomada como medida de precaução, segundo comunicado dos organizadores da exposição. “Infelizmente, houve um incidente apesar dos trabalhos serem supervisionados”, disseram os organizadores.
A mãe da criança, Ana Maria Fiorini, editora de livros radicada em São Paulo que trabalhou em diversos textos que tratam de arte e justiça social, disse à Folha de São Paulo que a equipe da bienal deveria estar acompanhando mais de perto o trabalho, mas não o fez. “Ele teve sorte de não ter batido a cabeça na pista”, disse ela.