A artista Leandra Espírito Santo é de Volta Redonda, RJ, nasceu em 1983. Vive e trabalha entre o Rio de Janeiro, RJ e São Paulo, SP.
“Com os cabelos presos e um plástico envolvendo minha cabeça, deito em uma mesa com a cabeça virada para cima e fecho os olhos. As mãos de outro passam um líquido oleoso em minha pele e depois selam meus olhos com vaselina. Coloco dois canudos em meu nariz. As mãos do outro jogam camadas pastosas de gesso sobre meu rosto. Fecho a boca e estabilizo uma feição. A massa pastosa de gesso resfria meu rosto, deixando tudo escuro. Com o tempo, ela vai endurecendo e ficando quente. Durante vinte minutos, só respiro”.
Retirado do início do texto curatorial de Paola Fabres, na individual da artista “Só existo em terceira pessoa”, realizada em 2019, na Galeria Fernanda Perracini Milani, esse é o processo descrito por Leandra Espírito Santo para a realização de seus trabalhos que abordam a noção de autorrepresentação na contemporaneidade.

Figura 1: Terceira Pessoa, 2019. Letreiro de led rolante
“(…) a artista avisa-nos sobre um contexto de desaparecimento de especificidades e de uma multiplicação sistemática de imagens e valores. Desse modo, o cenário anunciado alerta-nos à intolerância ao que é plural e diverso. Ao replicar seu próprio rosto, acompanha sua subjetividade em vias de desaparecimento.” Paola Fabres

Figura 2: Lapso – da série Apagamento, 2017. Fotografia performada
As produções da artista transcorrem por diversas mídias, como performance, fotografia, vídeo, escultura, intervenção urbana. Por meio de linguagem cômica e irônica, a artista faz reflexões sobre nossos procedimentos cotidianos, dos mais complexos aos mais comuns, investigando a relação entre a arte e as diversas técnicas e tecnologias, relativizando seus usos e pensando na relação que mantemos com elas em nível de corpo e comportamento. Em 2017, iniciou pesquisa focada nas relações entre identidade, corpo e máquina, série de trabalhos em que pensa a autorrepresentação dentro das redes sociais.

Figura 3: Emoji-se, 2020. Resina (Art in progress)
A palavra “emoji” é de origem japonesa – junção dos elementos “e” (imagem) e “moji” (letra) – e significa uma imagem que transmite a ideia de uma palavra ou frase completa. O uso de “emojis” ganhou força a partir das relações em redes sociais e em comunicações de troca de mensagens instantânea. Em “Emoji-se” (2020), trabalho em processo neste período de quarentena, propõe pensar a relação entre corpo e virtualidade.

Figura 4: Série Natureza morta, 2019. Ferro, resina e comida
A série “Natureza Morta” é um processo de encapsulamento em grandes maciços de resina de alimentos que representam a alimentação comum e tradicional brasileira, trazendo referências tanto da rua, como o prato feito e a marmita, quanto caseiras como o arroz e feijão e os potes de plástico e vidro usados para armazenar alimentos. Esses alimentos em potencial decomposição traz uma relação com a morte que acaba sendo camuflada por uma imagem superficial, hiperestética, criada no trabalho, como uma negação do último estágio da morte, que seria o completo desaparecimento.
VEJA AQUI Vídeo do projeto #PorDentrodoAteliê, produzido pela artista Leandra Espírito Santo durante residência artística na Pivô Arte e Pesquisa (São Paulo/SP), em 2019. No vídeo, a artista apresenta os processos de realização da obra ‘Registro’, trabalho exposto na mostra Passeata, em abril do mesmo ano, na galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea.
ACESSE AQUI a página da artista na Galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea.