Um novo mural instalado nas imediações do Vaticano vem chamando atenção ao redor do mundo por seu tom crítico e bem-humorado. Assinada pela artista de rua italiana Laika MCMLIV, a obra Os Convidados (2025) retrata o Papa Francisco no céu, com semblante surpreso, ao ler a lista de nomes presentes em seu próprio funeral. Entre os rostos estampados no mural estão líderes conservadores como Donald Trump, Javier Milei, Ursula von der Leyen, Matteo Salvini e Matteo Piantedosi. A imagem do pontífice, ladeado por uma auréola, indaga: “Mas quem convidou eles?”
Conhecido como “o Papa do povo”, Francisco construiu um legado progressista pautado na defesa dos direitos humanos, da justiça social, da inclusão de imigrantes e da preservação ambiental — bandeiras que frequentemente o colocaram em rota de colisão com figuras da política conservadora internacional. Durante seu papado, criticou abertamente políticas xenofóbicas como o muro entre os Estados Unidos e o México e a deportação em massa de migrantes. Com Milei, presidente da Argentina, seu país natal, as tensões foram notórias: o líder chegou a chamá-lo de “a representação do mal na Terra”. Apesar de um encontro diplomático em 2024, o Papa jamais visitou seu país após eleito.
Em publicação nas redes sociais, Laika descreveu os presentes no funeral como uma “parada de hipocrisia”, destacando também o apoio de von der Leyen ao rearmamento europeu e às deportações, e as posturas anti-imigratórias de Salvini e Piantedosi. A escolha de Francisco por um túmulo simples no bairro operário de Esquilino — marcado por forte presença imigrante — reforça o contraste entre sua trajetória e a presença de políticos que se opuseram a muitos de seus ideais. “Acredito que Francisco, se pudesse, teria riscado esses nomes da lista de convidados”, escreveu a artista.