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Após polêmica de censura, ativistas realizam festival de guerrilha de arte palestina em museu de Londres

Manifestantes ocuparam o Barbican Centre, em Londres, para um “festival de guerrilha”, enchendo o seu foyer com poesia e dança de artistas palestinos.

A ação, organizada pelo grupo de defesa Trabalhadores da Cultura Contra o Genocídio, foi uma resposta à decisão do Barbican de não acolher uma palestra sobre a Palestina do escritor indiano Pankaj Mishra. Essa decisão gerou alegações de censura contra a instituição e inspirou vários artistas de destaque a retirarem-se da sua programação.

No mezanino do centro, os manifestantes desfraldaram uma enorme faixa que dizia “Parem o Genocídio Cultural” e “Vamos Falar”. Abaixo, os manifestantes agitavam pipas brancas com as palavras “Parem de Matar Artistas”, uma referência aos escritores e artistas palestinos contados entre os mais de 30 mil mortos em Gaza desde 7 de outubro.

“O Barbican tem sido cúmplice na censura e no silenciamento das vozes dos aliados palestinos e pró-palestinos”, dizia um panfleto distribuído no evento e posteriormente compartilhado pela página do Instagram Censorship at the Barbican. “Esta censura ajuda a tentativa de apagamento da cultura palestina que ocorre agora juntamente com o assassinato em massa cometido pelo exército israelense”, continuava o panfleto.

A controvérsia eclodiu após relatos de que o centro havia retirado seu apoio à palestra de Mishra. Intitulada “A Shoah depois de Gaza” e organizada pela London Review of Books, a fala examinava os paralelos históricos entre a Shoah (termo hebraico para o Holocausto) e a campanha militar de Israel em Gaza. Um comunicado do Barbican publicado em 14 de fevereiro dizia que nenhum acordo oficial para sediar a palestra foi finalizado antes que os detalhes do evento fossem “prematuramente” divulgados. Além disso, a liderança sênior do centro não teve tempo “para fazer a preparação cuidadosa necessária para este conteúdo delicado”.

No dia 13 de fevereiro, uma grande mostra de arte têxtil, intitulada “Desvendar: o poder e a política dos têxteis na arte”, foi inaugurada no Barbican; menos de duas semanas depois, artistas e colecionadores começaram a retirar suas obras da mostra em solidariedade a Misha e à Palestina.

Os artistas Diedrick Brackens, Yto Barrada, Mounira al Solh e Cian Dayrit retiraram suas obras da mostra, seguindo o exemplo dos colecionadores londrinos Lorenzo Legarda Leviste e Fahad Mayet, que em 29 de fevereiro retiraram o empréstimo de dois colchas da tecelã de Gee’s Bend, Loretta Pettway. Uma obra de Pacita Abad, emprestada por Art Jameel em Dubai, também foi retirada, totalizando nove obras.

Os Trabalhadores da Cultura Contra o Genocídio exigiram da presidente-executiva da Barbican, Clare Spencer, e de seu conselho de administração “total transparência sobre o processo de tomada de decisão” que levou ao cancelamento da palestra de Mishra e à “censura” de Elias Anastas, cofundador da Palestina Rádio Al Hara. Em junho do ano passado, Anastas foi convidado para dar uma palestra transmitida ao vivo no centro, mas durante a passagem de som do evento teria sido avisado por um funcionário da Barbican, através de mensagem de texto, para “evitar falar longamente sobre a Palestina livre”. Mais tarde, o Barbican pediu desculpas pelo que descreveu como uma “nota editorial”.

O grupo de defesa também exigiu que o centro apoiasse artistas e escritores palestinos “sem a ameaça de censura, numa resposta ativa à tentativa de apagamento cultural”.

Redação

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